O Estado de S. Paulo
O cenário projetado pelo mercado financeiro para a inflação neste e nos próximos anos voltou a piorar depois dos questionamentos feitos, semana passada, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do Banco Central (BC), ao nível de juros e à meta inflacionária.
Pelo Boletim Focus divulgado ontem pelo BC, a projeção para o IPCA (o índice oficial de inflação) neste ano subiu de 5,39% para 5,48%. Para 2024, horizonte que fica cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a estimativa também avançou, e foi de 3,70% para 3,84%.
Como o Estadão mostrou, as críticas de Lula à autonomia do BC têm como alvo a atual meta de inflação, vista no governo como muita apertada – o que exigiria a manutenção por mais tempo de taxas de juros elevadas, com efeito negativo sobre o PIB.
A mediana no Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do principal mandato do BC, após 2021 e 2022. No caso de 2024 e 2025, os números estimados pelo mercado financeiro já estão acima do centro da meta de 3% (margem de 1,50% a 4,50%).
Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e de 2024. A mediana para o IPCA de 2025, que está fora do horizonte relevante do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, continuou em 3,50%. Já a estimativa para o IPCA de 2026 passou de 3,22% para 3,47% na última semana. (O Estado de S. Paulo/Thaís Barcellos)