O Estado de S. Paulo
Passado o efeito do corte de impostos sobre combustíveis, energia e telecomunicações, os preços da economia voltaram a acelerar no País. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,53% em novembro, após ter subido 0,16% em outubro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa em 12 meses desacelerou de 6,85% em outubro para 6,17% em novembro. No ano, o IPCA-15 acumulou aumento de 5,35%.
“Daqui para frente, o que devemos ver é uma inflação desacelerando, mas em ritmo lento e em patamar ainda elevado”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em nota.
O economista Leonardo Costa, da gestora de recursos ASA Investments, prevê alta entre 0,5% e 0,6% para o IPCA no fechamento de novembro. Ele espera que o índice absorva os descontos das campanhas de liquidações da Black Friday, mas também prevê pressão maior dos preços dos alimentos. A projeção da ASA Investments é de alta de 6% para o IPCA em 2022 e de 5% em 2023, com viés de alta. “Estamos sentindo que pode ocorrer uma volta dos impostos sobre combustíveis, PIS/Cofins ou mesmo oICMS”, justificou Costa.
Em novembro, a aceleração do IPCA-15 foi puxada por segmentos voláteis, avaliou o economista João Savignon, da gestora Kínitro Capital. Foi o caso de combustíveis, “que voltou forte ao terreno positivo”, alimentação no domicílio e itens de cuidados pessoais, “com preços subindo como uma antecipação aos descontos da Black Friday”, escreveu Savignon, em relatório. A gestora manteve a estimativa de um IPCA de 0,54% no fechamento de novembro e de 6% em 2022.
Oito dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram alta em novembro, com destaque para Vestuário, que subiu 1,48%.
Gasolina
Nos Transportes, os preços dos combustíveis subiram 2,04%, após cinco meses de queda. A gasolina, que tinha caído 5,92% em outubro, aumentou 1,67% em novembro, item de maior impacto individual no IPCA-15 do mês (0,08 ponto porcentual). O etanol subiu 6,16%, e o óleo diesel, 0,12%. Já as passagens aéreas caíram 9,48% em novembro, após alta de 28,17% em outubro.
No grupo Habitação, houve altas do aluguel residencial (0,83%), energia elétrica (0,44%) e taxa de água e esgoto (0,55%). Em Vestuário, todos os itens pesquisados tiveram aumento de preços, com exceção das joias e bijuterias (-0,04%). (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Marianna Gualter)