O Estado de S. Paulo/Mobilidade
A Volkswagen Caminhões e Ônibus assumiu a liderança do mercado de caminhões em 2021 e se mantém à frente do segmento neste ano. De janeiro a outubro, foram 29.200 unidades vendidas, equivalentes a 28% de todos os caminhões emplacados, no Brasil, nestes dez meses.
A montadora cobre todos os segmentos de mercado, desde os caminhões semileves até os pesados. Eles partem de versões do Delivery, para entrega urbana e que podem ser dirigidas com habilitação comum (categoria B), e vão até os pesados Constellation e Meteor, capazes de puxar carretas com mais de 45 toneladas.
Na feira, a Volkswagen mostrou novidades para a linha 2023, com itens como controle eletrônico de estabilidade e também de partida em subidas, além da motorização Euro 6 para todas as versões. A nova tecnologia de controle de emissões passa a equipar todos os modelos produzidos a partir de janeiro.a empresa investiu mais de R$ 1 bilhão no desenvolvimento e na atualização da linha.
A Volkswagen também anunciou a venda de 20 caminhões autônomos Constellation para operações internas em um de seus clientes, o grupo Vamos. E seu caminhão elétrico Volkswagen e-delivery teve a aprovação dos clientes locais e começa a ser exportado. Cinco unidades já rodam no México, em testes para a distribuição de bebidas.
Para falar sobre o que a Volkswagen espera do mercado de caminhões para os próximos meses, conversamos com Luciano Kafuri, diretor de marketing da montadora.
A comparação destes dez meses de 2022 com o mesmo período do ano passado mostra uma pequena queda, de 4,8%, nas vendas da VWCO. Quantos caminhões vocês esperam vender até o fim do ano?
Luciano Kafuri: O que posso falar é que vamos manter nossa participação de mercado em 28%. Houve vendas represadas por causa da falta de semicondutores, mas o fornecimento desses itens está melhor. [Nota da Redação: a fatia de 28% deve resultar em algo próximo a 36 mil caminhões Volkswagen licenciados até o fim do ano, já que as vendas totais de 2022 tendem a repetir os 128 mil veículos entregues em 2021.]
As vendas para o transporte de grãos continuarão subindo?
Quais outros segmentos prometem para o ano que vem?
Kafuri: O que puxa as vendas, no Brasil, atualmente, é o agronegócio, que não parou e continuará crescendo, trazendo todo o restante, inclusive pecuária e serviços. E o comércio eletrônico vai movimentar todos os segmentos, desde os caminhões extrapesados até os menores, como o Delivery Express.
2023 tem projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) abaixo de 1%, o que é ruim para o mercado de caminhões, cujas vendas dependem sempre do crescimento na economia. Dá para esperar mais de modelos menores, para o ano que vem, por causa do comércio de varejo?
Kafuri: Existem projeções muito diferentes do PIB, até na casa dos 3%. Se ele crescer, a curva de vendas o acompanhará. E o movimento será em cascata, favorecendo todos os segmentos.
A falta de semicondutores ainda será problema para a produção, no próximo ano, ou essa é uma questão que já ficou para trás?
Kafuri: A situação, de fato, melhorou, mas a falta de componentes é um problema mundial, agravado pela Guerra na Ucrânia. Existe muita coisa produzida lá, como chicotes elétricos. Na indústria mundial, ainda haverá resquícios em 2023.Tudo foi afetado, como a produção de aço, de alumínio. tivemos de buscar até mesmo fontes alternativas, no mundo todo, para o fornecimento de pneus. E alguns pequenos produtores quebraram no meio do caminho.
As perspectivas para o Delivery elétrico são mesmo boas ou sua aplicação ainda se restringe a alguns nichos ou empresas focadas em metas de redução de emissões?
Kafuri: Existe, cada vez mais, procura pelo e-delivery, já que ele está rodando, há mais de um ano, com nossos clientes, com um retorno muito positivo de todos eles. Já são mais de 300 unidades entregues. Ele teve muitas vendas pontuais e seu uso não se restringe mais a grandes empresas, como a Ambev (a cervejaria ajudou a viabilizar o projeto com base em uma grande encomenda, de 1.600 unidades, acordada em 2018). (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Mário Curcio)