Polo Track chega em fevereiro por R$ 80 mil

AutoIndústria

 

A Volkswagen oficializou dezembro como o último mês de produção do Gol. O mais longevo veículo brasileiro sairá de linha após 42 anos e de mais de 8 milhões de unidades produzidas junto com seu derivado sedã Voyage. Ambos cederão lugar na fábrica de Taubaté, SP, a outro hatch, substituto imediato do Gol: o Polo Track.

 

Nesta semana, a reportagem do AutoIndústria já pôde observar o novo carro de entrada da Volkswagen na linha de montagem, ainda em pré-produção. Vilque Rojas, diretor da planta do interior paulista, confirmou que a produção comercial será iniciada antes do fim do ano, mas em ritmo mais acelerado somente a partir de janeiro, após duas semanas de férias coletivas.

 

As concessionárias, contudo, terão o Track nos showrooms pouco mais adiante, em meados de fevereiro. Trabalhando em dois turnos, Taubaté pode produzir diariamente 714 veículos. “Queremos atingir a produção máxima em oito semanas”, revela o executivo.

 

O Track já tem preço definido: sua única versão, com motor 1.0 aspirado flex de 84 cavalos e transmissão manual, custará R$ 79.990,00, o mesmo valor cobrado pelo Gol com semelhante nível de conteúdo.

 

Além das maiores dimensões, modernidade do projeto e preço assemelhado ao do Gol, a Volkswagen vê na lista de itens de série um forte argumento de vendas para seu novo modelo. Ele sai de fábrica com, dentre outros recursos, quatro airbags, assistente de partida em rampa, controle eletrônico de estabilidade, ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos dianteiros, travamento elétrico e remoto das portas.

 

Sistema de som com bluetooth, volante multifuncional, computador de bordo, entradas USB e antena de teto também estão incluídos no preço de lançamento e, pelo menos por enquanto, a Volkswagen não pretende produzir o hatch sem eles.

 

Curioso, mas é estratégia que abre a possibilidade de em futuro não tão distante o Track ter uma versão ainda mais barata, despojado desses equipamentos, talvez para atender frotistas.

 

Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil, afirma que para oferecer um carro maior, fruto de uma plataforma bem mais moderna, como a modular MQB – que dá origem aos também brasileiros Nivus e T-Cross, e ao argentino Taos -, foram necessários vários movimentos.

 

Ele cita particularmente a redução da complexidade produtiva da empresa, com a eliminação de outros três hatches nacionais nos últimos três anos: Fox, up! e agora o próprio Gol. A VW, assim, ganha em escala com uma só plataforma para todos os modelos produzidos aqui – a exceção, por enquanto, é a picape Saveiro, fabricada em São Bernardo do Campo, SP, mas que naturalmente será substituída mais para frente.

 

Taubaté, claro, passou por várias melhorias e atualizações de processos para abrigar a MQB, modificações contempladas no ciclo de investimentos de R$ 7 bilhões para a América Latina que se encerrará 2026.  E o Track é apenas o primeiro de uma família de veículos compactos do segmento de entrada.

 

A planta, por exemplo, ganhou mais de 80 novos robôs na armação da carroceria e, com isso, segundo a montadora, aumentou sua capacidade produtiva na área em cerca de um terço. Foi adquirida também solda a laser trifocal, tecnologia que permite soldar peças (teto e laterais) com diferentes matérias-primas.

 

Mudanças discretas

 

Com certeza, além da modernização da planta, ajuda também nesse processo de redução de custos a simplificação do portfólio do modelo, que tem versão única, pouquíssimos itens opcionais – multimidia de 9 polegadas, por exemplo -, somente quatro cores e acabamento interno mais simples, ainda que de boa aparência e qualidade para o segmento, além dos bancos com encosto e apoio de cabeça unificados.

 

Do lado de fora, são vários itens em plástico preto, o que dispensa a pintura, e a roda de ferro de 15 polegadas recoberta por calota igualmente preta. Além disso, o Track se diferencia do Polo de entrada, que custa apenas R$ 3 mil a mais, pelos para-choques redesenhados, grade dianteira um pouco maior e, sobretudo, pelos faróis, que perdem a assinatura em led vista no modelo produzido em São Bernardo do Campo, SP.

 

Ainda assim, nada que evite que mesmo consumidores menos atenciosos não vejam no Track “um Polo”.  Especialmente na traseira, que manteve lanternas escurecidas e que, a exemplo do Polo, tem o nome Track estampado no centro da tampa do porta-malas.

 

Lançado em 1980 e depois de três gerações, além de várias atualizações estéticas, o Gol entra para história como o carro brasileiro mais produzido, vendido e exportado. Para marcar o fim dessa trajetória, a Volkswagen repetirá a fórmula que adotou no encerramento da também histórica Kombi ao lançar uma derradeira série especial Last Edition.

 

Limitada a apenas 1 mil unidades numeradas, a série será lançada em duas semanas. Roger Corassa, vice-presidente de Vendas e Marketing, ainda mantém sigilo sobre o preço dessas últimas unidades, fabricadas exclusivamente na cor vermelha e com adereços estéticos em preto e grafismos que enfatizam esportividade. (AutoIndústria/George Guimarães)