Higer aumentará produção de ônibus elétricos para disputar compras de 2,6 mil unidades pelo transporte da capital paulista

Diário do Transporte

 

Em comunicado distribuído à imprensa especializada, a empresa chinesa TEVX HIGER anunciou que aumentará sua produção de ônibus elétricos de olho na decisão da capital paulista de incrementar a frota urbana com 2.600 unidades até 2024.

 

A fabricante já tem o ônibus Azure A12BR homologado pela SPTrans.

 

O aumento da produção visa garantir melhores condições de custos e de entrega.

 

O diretor da Higer Bus para América do Sul, Marcelo Barella, diz que a medida responde aos movimentos da prefeitura de São Paulo que, nesta terça-feira (08), como mostrou o Diário do Transporte em primeira mão, anunciou a inclusão de 2,6 mil ônibus até o fim de 2024.

 

Para cumprir a meta anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes, Barella garante ter já programado com fornecedores de componentes, inclusive de baterias, a entrega em curtíssimo prazo pedidos de até 200 unidades.

 

“Para 2023 traremos mais 3 000 unidades. A estrutura que temos na matriz nos dá flexibilidade para aumentar a linha de produção para atender o Brasil e os demais países da América do Sul”, garante o executivo.

 

Para cumprir a meta anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes de incluir 2,6 mil ônibus até o fim de 2024, o mercado estima que serão necessários R$ 8 bilhões, sendo cerca de R$ 3 milhões por ônibus mais o custo unitário ponderado de infraestrutura e inclusão de tecnologias necessárias.

 

No anúncio feito pelo prefeito nesta terça (08), foi fechada uma parceria com a fornecedora de energia ENEL, que proporcionará o financiamento para aquisição de ônibus elétricos pelas empresas concessionárias que operam as linhas municipais gerenciadas pela SPTrans (São Paulo Transporte).

 

Azure

 

A Higer Bus diz que o Azure é a linha de segmento de ônibus elétricos urbanos da Higer que já conta com 6.000 unidades em operação pelo mundo, dentre as mais de 50 mil unidades elétricas produzidas pela marca.

 

“Para atender as especificações do mercado brasileiro, a Higer projetou um modelo exclusivo para o país, o Azure A12BR, que inclusive já expandiu fronteiras e atingiu novos mercados, como Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Panamá, Guatemala, República Dominicana e México”, diz o comunicado.

 

O modelo tem sido utilizado em operações nas ruas de algumas cidades brasileiras, como Curitiba e São José dos Campos.

 

A empresa anuncia também QUE está ampliando o número de ônibus elétricos para testes, com novas unidades rodando no início de 2023.

 

“Nos testes práticos realizados, registrou-se uma autonomia de 300 km e ainda tivemos uma excelente aceitação do público. Temos demonstrado aos gestores públicos que o A12BR consegue trabalhar uma média de 15 horas continuamente, com elevado nível de desempenho”, finaliza Barella.

 

O modelo nacional contará com empresas de componentes do mercado, atuantes no Brasil, como a ZF (eixos e suspensão); Bosch (sistema de direção); Valeo (ar-condicionado); Catl (baterias, que no Brasil são representadas pela Moura); Wabco (sistema de freios); Sachs (amortecedores; Dana (motor elétrico); Mobitec (itinerário eletrônico); Fanavid (vidros e para-brisas; Alcoa (rodas de alumínio); Grammer (assentos de motorista e passageiros).

 

Cenário da indústria

 

Apesar de os veículos elétricos também serem impactados pela falta de insumos e equipamentos, como também ocorre com automóveis a combustão, a demanda pelos modelos não poluentes tem aumentado.

 

No Brasil, já existem opções de produtos em plena atividade, algumas que apresentarão modelos e outras que estão se estabelecendo:

 

BYD: Indústria de origem chinesa, com planta em Campinas (SP), que fabrica ônibus elétricos de diversos portes: micros, padrons e articulados, além de rodoviários, produzindo as baterias, tecnologia e chassis.

 

Está entre as maiores produtoras mundiais na área de mobilidade elétrica e produz também no Brasil placas de energia solar. Existem diversas cidades que operam com ônibus BYD no Brasil, inclusive São Paulo.

 

CaetanoBus: A empresa portuguesa CaetanoBus trouxe para testes no sistema de transportes da cidade de São Paulo o chassi e.CC 100 C5845 E.E, 100% elétrico. O modelo recebeu carroceria Caio, de produção brasileira. O e.CC 100 pode ser receber carrocerias de comprimento mínimo de 9.5 metros e máximo de 12.7metros.

 

Eletra: Indústria 100% nacional, do Grupo ABC/Next Mobilidade, com planta em São Bernardo do Campo (SP). A empresa foi inaugurada oficialmente no dia 22 de agosto de 2000. Faz toda a integração e tecnologia para ônibus elétricos à bateria, trólebus, híbridos (motores elétricos e à combustão no mesmo veículo), Dual Bus (mais de um tipo de tração elétrica em mesmo ônibus, por exemplo: trólebus+baterias ou baterias+híbridos). Não produz os chassis e baterias. O BRT-ABC, entre São Bernardo do Campo e São Paulo, é uma concessão à Next Mobilidade terá ônibus 100% elétricos de 22 metros cada com tecnologia Eletra, chassis Mercedes-Benz e carroceria Caio. A Eletra anunciou para 2022 cinco tipos de ônibus elétricos para carrocerias com 10 m, 12,5 m, 12, 8 m ,15 m e 21,5 m. Ainda em 2022, para o BRTABC, a Eletra anunciou também o E-Trol, um veículo de 21,5 metros, com chassi Mercedes-Benz, que em parte do trajeto vai operar como trolébus e em outra parte, como ônibus elétrico a bateria. De acordo com presidente da Eletra, Milena Braga Romano, o corredor terá trechos com rede aérea como a dos trolébus. Enquanto estiver operando nesses trechos, o veículo carrega as baterias. Nos trechos sem a rede aérea, o funcionamento é com o banco de baterias já carregado.

 

Segundo a diretora comercial da Eletra, Ieda Oliveira, entre as vantagens é que não haverá necessidade de carregamento dos ônibus nas garagens, dispensando as caras estruturas de recarga.

 

Higer: Empresa de origem chinesa que apresentou um modelo elétrico de ônibus padron neste mês de novembro de 2021 na capital paulista. Um modelo de 12 metros de comprimento está sendo testado e passou por cidades como São Paulo, Rio de Janeiros, Curitiba e São José dos Campos. Diz que trará ao Brasil também vans, ônibus articulados elétricos. Apresentou também um ônibus de fretamento com baterias. Os modelos são monoblocos (chassi, motores e carroceria formando um bloco só).

 

Marcopolo: Tradicional fabricante de carrocerias de Caxias do Sul (RS), testou em parceria com a empresa Suzantur, operadora de transportes de Santo André (SP), um ônibus 100% elétrico, projeto integral da Marcopolo. O modelo é padron com piso baixo. O veículo circulou sem passageiros entre o Terminal Vila Luzita (bairro populoso de Santo André) e o terminal principal da cidade no centro (Terminal Santo André Oeste). Já homologado, o modelo está sendo comercializado.

 

Mercedes-Benz: A gigante alemã lançou em 25 de agosto de 2021 o chassi de ônibus elétricos eO500U, de piso baixo, para carrocerias de até 13,2 metros, justamente os padrões de São Paulo. O modelo será produzido em São Bernardo do Campo (SP) e em 2022 já serão vistas as primeiras unidades. Para a capital paulista, já há um mercado previsto para ser iniciado com cerca de 150 unidades com carroceria Caio.  A empresa planeja lançar em breve ônibus articulados e superarticulados.

 

Volvo: A gigante sueca produz em Curitiba (PR) um modelo de ônibus elétrico híbrido. O ônibus tem um motor a combustão, que gera energia, e o elétrico que atua na maior parte da tração. A tecnologia é híbrida paralela, quando o ônibus está parado, freia e até 20 km/h a atuação é do motor elétrico. A partir de 20 km/h, entra em operação o motor a combustão. Há unidades em circulação em Curitiba, Foz do Iguaçu e Santo André (Suzantur), por exemplo. Em agosto de 2022, a Volvo apresentou seu primeiro chassi de ônibus totalmente elétrico para exibição no Brasil, o BZL. Não havia até então previsão de o veículo ser comercializado no Brasil. Com zero emissões, o Volvo BZL pode ser equipado com 3 a 5 baterias de lítio níquel cobalto óxido de alumínio (NCA) de 94kWh cada, dependendo da aplicação a que for destinado.

 

Scania: Não descarta a produção de elétricos, mas investe na tecnologia de ônibus a gás natural e biometano.

 

Volkswagen: Em 2018, a Volkswagen apresentou um modelo de médio porte elétrico, o e-Flex com um sistema pode aliar diferentes formas de recarga e abastecimento para ônibus elétricos. Um pequeno motor à combustão gera energia para o elétrico, sendo um propulsor 1.4 turbinado flex de 150 cv de potência. Em novembro de 2018, a montadora prometeu que o modelo já estaria nas ruas em seis meses, o que não aconteceu. Um ano antes, em 2017, a Volkswagen anunciou que a partir do chassi do caminhão 100% elétrico e-Delivery, desenvolveria um micro-ônibus de 11 toneladas elétrico, o que ainda não se concretizou.

 

Iveco: Em agosto de 2022, a Iveco apresentou um modelo a gás natural/biometano, o 17.210G, para carrocerias de até 12 metros. O ônibus possui seis cilindros a gás, 80 litros cada um, que oferece autonomia de 250 quilômetros. Foi mostrado, mas não para o mercado nacional, apenas como conceito, ônibus elétrico Iveco E WAY, de 20 toneladas.

 

O modelo, é um monobloco de 12 metros, piso baixo total, com oito packs de bateria. A autonomia é de 300 quilômetros, aproximadamente.

 

O elétrico não será comercializado, inicialmente, no Brasil e a Iveco pretende oferecer para o mercado brasileiro chassi elétrico para encarroçamento de fabricantes locais. (Diário do Transporte/Alexandre Pelegi e Adamo Bazani)