Sem definições do novo governo, dólar vai a R$ 5,17 e bolsa cai 2,3%

O Estado de S. Paulo

 

As incertezas em torno de quem assumirá o comando da área econômica do novo governo e do volume de gastos que ficará fora do teto de gastos em 2023 deram ontem o tom no mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, começou a semana com queda de 2,38%, aos 115,3 pontos. Enquanto isso, o dólar à vista fechou o dia valorizado frente ao real, com alta de 2,19%, cotado a R$ 5,17.

 

O mercado acompanha atentamente as discussões da equipe de transição de governo. Ontem, por exemplo, reagiu a comentários de que o ex-prefeito Fernando Haddad teria ganhado força na bolsa de apostas para ocupar o Ministério da Fazenda.

 

“Há uma ressaca depois do bom humor da semana passada. O mercado está começando a perder um pouco da paciência com a indefinição sobre a equipe econômica”, afirmou o diretor de investimento da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. “Parece que estão vazando nomes para ver a reação do mercado. As coisas tendem a piorar na margem a cada dia sem a definição de um nome.”

 

Já o sócio e head de renda variável da Legend Investimentos, Jose Simão, disse que o mercado “tinha ficado um pouco mais animado com o (Geraldo) Alckmin tomando a frente (da equipe de transição), e chamando alguns nomes mais pró-mercado”.

 

No caso da “licença” que o novo governo terá para gastar no seu primeiro ano, Jolig, da Alphatree, afirmou que o mercado já conta com propostas como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600. Há, contudo, receio de que a chamada PEC da Transição sirva de instrumento para despesas que poderiam ser adiadas para depois da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. “A volatilidade deve seguir elevada nesta semana com o mercado à espera de um quadro mais claro. Se não vier nada desastroso, o real pode voltar a se apreciar porque estamos numa posição melhor que outros emergentes.”

 

O recuo dos papéis da Petrobras acentuou as perdas na B3. As ações ordinárias e preferenciais caíram 3,41% e 4,06%, respectivamente. Parte dessa queda está relacionada a temores sobre uma desaceleração da China. Mas Alvaro Feris, especialista da Rico Investimentos, afirma que os negócios também têm sido influenciados “pelas incertezas em relação à futura política de precificação de combustíveis” e sobre como ficará o programa de distribuição de dividendo da estatal. (O Estado de S. Paulo/Antonio Perez e Matheus Andrade)