Fábricas de caminhão desenvolvem projetos para reduzir poluente

Diário do Grande ABC

 

Pelos 1,72 milhões de quilômetros de estradas e rodovias do Brasil passam 62% de todas as cargas que são produzidas no País e circulam 2,2 milhões de veículos pesados. E cabe à indústria automobilística fazer com que esta imensa engrenagem continue a funcionar, porém, jogando cada vez mais poluentes no ar.

 

Desde 1986 funciona no País o Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores), que tem como principal objetivo reduzir gradativamente a quantidade de emissões geradas pelos brutos. Em janeiro entra em funcionamento o Proconve P8, que é semelhante ao Euro 6, norma que estará vigente nos países europeus. E está quase obsessão pelo refreamento da poluição do ar vai dar o tom da Fenatran (Feira Nacional do Transporte), que começa hoje, no São Paulo Expo, e vai até sexta-feira.

 

As emissões de poluentes foram reduzidas em 98% desde o meio da década de 1980. Antes, a emissão média de monóxido de carbono de um veículo leve era de 54 g/km. Hoje, a média de emissão é de 0,4 g/km. Para se ter uma ideia dos avanços e dos benefícios, o volume de óxidos de nitrogênio que apenas um veículo emitia em 1990, época do Proconve P2, é equivalente ao total de 55 caminhões no Proconve P8. No que se refere a material particulado, o que um caminhão emitia no P2 é o mesmo de 135 veículos no P8.

 

A Mercedes-Benz, de São Bernardo, levará para a Fenatran os modelos Accelo, Atego, Actros e Arocs, que virão equipados com motores compatíveis com a norma Proconve P8, tecnologia que recebeu a denominação de BlueTec 6.

 

“Todos os caminhões do novo portfólio asseguram redução de 80% nas emissões de óxidos de nitrogênio e menos 50% nas de material particulado em relação ao Proconve P7 (Euro 5)”, afirmou vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini. Segundo o executivo, os novos propulsores, além de um ar mais limpo, ainda garantem mais economia aos usuários e sem perda de potência.

 

No desenvolvimento dos novos propulsores, a montadora realizou testes que perfazem 5,4 milhões de quilômetros rodados no campo de provas e nas ruas, além de 20 mil horas de testes de durabilidade em bancos de prova e utilizou cerca de 250 protótipos de motores.

 

A empresa, inclusive, montou em São Bernardo um laboratório para análise de motores e desenvolveu um laboratório móvel, que pode ser instalado no caminhão dos clientes para análise de desempenho durante o uso real. Isso porque com o Proconve 8, com 700 quilômetros ou 7 anos de uso, as emissões terão de ser as mesmas de quando o bruto era zero quilômetro. E o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), responsável pelo Proconve, poderá solicitar a medição quando achar necessário.

 

A Scania, também de São Bernardo, vai apresentar na Fenatran a linha de caminhões com motor Super, também desenvolvidos para atender as normas do Proconve 8 e que serão produzidos na planta do Grande ABC. (Diário do Grande ABC/Nilton Valentim)