O Estado de S. Paulo
A produção industrial caiu 0,7% em setembro na comparação com agosto, a segunda queda consecutiva, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado confirma um cenário de esfriamento da atividade econômica, segundo economistas ouvidos pelo Estadão/broadcast.
Com o resultado, a produção industrial do terceiro trimestre registrou queda de 0,3% na comparação com o segundo trimestre. Neste caso, foi a primeira queda após uma sequência de três trimestres de alta. No acumulado do ano até setembro, a indústria teve queda de 1,1% e, no acumulado em 12 meses, houve recuo de 2,3%.
De agosto para setembro, houve quedas em 21 dos 26 ramos industriais pesquisados pelo IBGE. Para o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo, a perda de fôlego está mais associada à fraqueza da demanda do que às restrições de oferta. Entre as restrições à demanda, Macedo destaca a elevação dos juros, a fraqueza do mercado de trabalho, ainda marcado pela informalidade, e o “ambiente de incerteza” na economia.
Em comparação com setembro do ano passado, houve alta de 0,4%, puxada pela recuperação das atividades mais afetadas pela falta de insumos, como a produção de veículos, reboques e carrocerias, que saltou 20,3% na comparação com um ano antes.
Para Felipe Novaes, economista da Tendências Consultoria Integrada, o fato de a queda na atividade ter sido puxada pela fabricação de bens de consumo corrobora a análise de Macedo. A produção de bens de consumo encolheu 0,8% na comparação com agosto, enquanto a fabricação de bens de capital caiu 0,5%. “Todos os estímulos governamentais direcionados ao consumo vêm perdendo tração, e, no quarto trimestre, a perspectiva de desaceleração da demanda deve ficar mais evidente”, completou. (O Estado de S. Paulo/Vinicius Neder)