O Estado de S. Paulo
O futuro das próximas gerações e o meio ambiente estão conectados. Apostar em energia renovável, na manutenção da floresta em pé, em ações que diminuam os efeitos dos gases estufa são exemplos de medidas que precisam ser planejadas no presente.
É por isso que o cuidado com a preservação do planeta está na pauta das discussões, sendo a descarbonização uma das metas firmadas no Acordo de Paris, em 2015.
Nesse caminho, um dos destaques é o hidrogênio (H2), o elemento químico mais abundante do universo. O potencial está no seu poder energético, podendo ser utilizado em diversos segmentos.
Na natureza, o hidrogênio dificilmente está sozinho. Para usufruirmos do potencial do elemento, é preciso separá-lo das suas ligações. Desse processo podem surgir três tipos de hidrogênio: o cinza, o azul e o verde. O que define a sua “cor” é a matriz energética utilizada para isolar o H2.
O cinza é obtido por meio da queima de combustíveis
Com posição privilegiada, muito sol e ventos fortes e constantes, Nordeste pode se tornar ‘celeiro’ da produção de H2V
fósseis, liberando na atmosfera grandes quantidades de dióxido de carbono, um dos gases que provocam o efeito estufa.
O azul também é obtido a partir da queima de combustíveis fósseis, porém são feitos a captura e o armazenamento do carbono emitido.
Por fim, o hidrogênio verde (H2V) é obtido através de fontes renováveis (eólica ou solar), ou seja, não há liberação de dióxido de carbono.
Estima-se que o hidrogênio verde vai substituir o petróleo e o gás, como principal recurso energético, até 2050. Para alcançar essa mudança, a palavra-chave é investimento. E, nesse contexto, o Brasil, mais especificamente a Região Nordeste, tem potencial de ser protagonista desse processo.
Com posição privilegiada, muito sol o ano inteiro e ventos fortes e constantes, a região pode se tornar o “celeiro” da produção de hidrogênio verde no mundo, com destaque para os Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte.
As vantagens de utilizar o H2V são muitas. A mobilidade será transformada, já que o hidrogênio pode ser utilizado como combustível para carros, ônibus, caminhões e navios, além de substituir o gás nos sistemas de calefação. Outros usos são nas indústrias, nas siderúrgicas e na agricultura.
Claro, existem muitos desafios a serem superados, custos e transporte são alguns dos exemplos, mas o mundo está alinhado na busca de tornar a matriz energética cada vez mais limpa. O pensar pode ser no futuro, mas as ações precisam ser tomadas no presente e, nesse sentido, em teoria, estamos todos na mesma página. (O Estado de S. Paulo/Marcos Aurélio Izumida Martins)