Scania estabelece parceria com a Raízen para uso do biometano na fábrica de São Bernardo

Truck & Bus Builder América do Sul

 

A Scania e a Raízen, empresa integrada de energia e referência global em bioenergia, firmaram parceria que garantirá o fornecimento de biometano para utilização na operação industrial da fábrica de caminhões e chassis de ônibus em São Bernardo do Campo, em São Paulo, a partir de 2024.

 

O contrato estabelece o fornecimento médio de 7.800 metros cúbicos de biometano por dia, volume que corresponde a 100% do consumo da fábrica da Scania. A decisão faz parte das ações que a empresa tem adotado para cumprir as metas de descarbonização.

 

O presidente e CEO da Scania Latin America, Christopher Podgorski, declarou que entre as soluções indicadas pelo estudo – biometano, diesel renovável (HVO), veículo elétrico a bateria (BEV) e células de combustível de hidrogênio (FCEV) – o biometano está em processo mais avançado no Brasil, já regulamentado e com grande potencial de produção no país.

 

Segundo a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o potencial de produção do Brasil é de 44,1 bilhões de m3 anuais a partir de quatro setores econômicos: sucroenergético, produção agrícola, proteína animal e saneamento. E que apenas 2% são utilizados, representando menos de 0,01% da matriz energética do Brasil – o que corresponde ao desperdício de 100 milhões de m³ de metano renovável por dia, que equivalem a 35% da energia elétrica consumida no Brasil e 70% do diesel.

 

A Scania trabalha para mudar para o biometano, realizando testes e analisando formas para adquirir essa energia renovável de maneira estruturada. Salientou que a abertura do mercado livre de gás possibilitou à empresa um novo modelo de negócio e que, após uma consulta de mercado e depois de meses de negociações e aprendizados, foi fechado esse acordo, que coloca a empresa na posição de pioneira.

 

Nos últimos anos a Raízen tem reforçado no mercado a sua posição como empresa provedora de soluções de energia renovável e, com metas similares às da Scania, tem mantido apoio a clientes e parceiros no processo de descarbonização e transição para uma matriz energética mais limpa.

 

A vice-presidente de estratégia e sustentabilidade da Raízen, Paula Kovarsky, informou que a Raízen já evitou a emissão de 30 milhões de toneladas de CO2 e que tem como objetivo ser um parceiro estratégico para ampliar o potencial e incentivar a jornada de descarbonização dos clientes, contribuindo para a construção de uma matriz cada vez mais limpa.

 

Paula acrescentou que o acordo entre as empresas é consistente com as metas climáticas de curto prazo assumidas pela Scania e aprovadas pela Science Based Targets initiative (SBTi) de reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa de suas operações industriais e comerciais até 2025 (com base em 2015), considerando as emissões próprias (escopo 1) e as de energia adquirida (escopo 2); e reduzir em 20% as emissões de carbono equivalente na frota circulante (ônibus e caminhões produzidos pela empresa que rodam nas mãos de terceiros), com foco no escopo 3 (emissões indiretas).

 

O presidente da Scania explicou que, em comparação com diesel ou GLP, o gás natural renovável é produzido a partir do reaproveitamento de resíduos da cana-de-açúcar, com potencial para reduzir mais de 90% das emissões diretas de gases de efeito estufa ao substituir combustíveis fósseis. Além de ser uma solução sustentável, possível de acelerar a descarbonização de diversos setores de forma eficiente.

 

Debora Tanaka, gerente de projeto de sustentabilidade e coordenação de parcerias estratégicas da Scania Latin America, uma das responsáveis pela implementação do acordo da Scania com a Raízen informou que cinco operações da fábrica da Scania já utilizam o gás natural: nos testes de caminhões a gás, na pintura de cabinas, no abastecimento de veículos industriais, na geração de vapor, nos restaurantes e na frota de veículos próprios da Logística da Scania.

 

O acordo estabelecido permitirá que a Scania adquira moléculas de biometano diretamente da Raízen e, da mesma forma que ocorre com o mercado livre de energia, utilizará um sistema de distribuição da Comgás, a quem a Raízen solicitará um estudo de viabilidade técnica e econômica. Outra constatação foi que o uso do biometano é 100% intercambiável com o gás natural, não altera o desempenho das operações e é 100% limpo.

 

Para cumprir os desafios, a Scania estabeleceu seis metas ambientais corporativas até 2025: energia elétrica livre de fósseis em 100% das operações até 2020 (atingida em 2016, quatro anos antes do objetivo inicial); redução de 50% das emissões de CO2 no fluxo logístico terrestre por tonelada transportada (atingida em 2021); redução de 25% do uso de energia nas operações industriais; 50% na geração de resíduos não reciclados por unidade produzida (ou 25% em valores absolutos); 40% no uso de água por unidade produzida e 75% das emissões de CO2 das operações industriais.

 

Christopher Podgorski também comentou que o uso de gás natural nas operações da empresa representará em torno de 60% das emissões totais de 2022. Com a substituição por biometano, somada às demais iniciativas, será possível atingir os objetivos estabelecidos de redução de emissões de CO2 até 2025, o que representa mais um objetivo que será superado.  (Truck & Bus Builder América do Sul)