O Estado de S. Paulo
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Brasil deve apresentar superávit primário de 0,8% neste ano. A informação consta no relatório Monitor Fiscal do organismo, publicado ontem. Por sua vez, a dívida total do governo brasileiro deve cair. O FMI espera que a relação entre a dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB) – um dos principais indicadores de solvência de um país e avaliado de perto pelas agências de classificação de risco – do Brasil diminua para 88,2% neste ano (ante 93% em 2021). Caso o cenário traçado pelo Fundo se materialize, seria o melhor resultado desde 2016. Ainda assim, a dívida continuará entre as maiores comparadas às dos pares emergentes, atrás apenas da do Egito.
A melhoria nas projeções do FMI tem, contudo, vida curta. O Fundo vê o Brasil com aumento da dívida bruta e no vermelho pelos próximos dois anos, retomando o equilíbrio das contas apenas em 2025. Uma das razões é o aumento dos gastos por parte do governo de Jair Bolsonaro às vésperas das eleições, dentre eles a elevação do Auxílio Brasil para R$ 600. “As projeções fiscais para 2022 refletem o último anúncio de política (do governo brasileiro)”, afirma o FMI, no relatório, sem dar mais detalhes.
Para o organismo, o impacto fiscal começará a aparecer já no primeiro ano do futuro governo. O Fundo espera que o déficit primário do País alcance 0,8% em 2023 e caia para 0,3% no ano seguinte. O FMI também melhorou suas projeções para a economia brasileira e passou a prever crescimento de 2,8% em 2022. A estimativa anterior era de avanço de 1,7%. Ainda assim, o País deve crescer abaixo da média global e de seus pares emergentes.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a mudança foi uma “boa notícia”, mas criticou as projeções do Fundo. “Estão sempre errando e vão errar de novo”, disse ele, a jornalistas. (O Estado de S. Paulo/Aline Bronzati)