Brasil tem deflação pelo 3º mês seguido; taxa anual é de 7,17%

O Estado de S. Paulo

 

Mais uma vez puxados pelos combustíveis, os preços recuaram pelo terceiro mês consecutivo no País. A deflação foi de 0,29% em setembro, após 0,36% em agosto e 0,68% em julho. Como resultado, a taxa acumulada em 12 meses caiu de 8,73%, em agosto, para 7,17%, ainda acima da meta de inflação para o ano, de 3,5%, com tolerância de até 5%. De acordo com o IBGE, o preço do combustível acumulou queda de 31,54% de julho a setembro, refletindo a desoneração promovida pelo governo federal. Se o custo da gasolina tivesse permanecido estável, o IPCA teria subido, segundo André Almeida, analista do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. Após a deflação de setembro, economistas reviram para baixo a projeção do IPCA para o ano.

 

Os preços na economia brasileira recuaram em setembro, pelo terceiro mês consecutivo, e isso levou alguns economistas a cortar sua projeção para a inflação no ano. Mais uma vez, os combustíveis puxaram a deflação, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,29% no mês passado – índice recorde para o mês, após recuo de 0,68%, em julho, e de 0,36% em agosto.

 

Como resultado, a taxa acumulada em 12 meses caiu de 8,73%, em agosto, para 7,17%, ainda acima da meta de inflação determinada para este ano (de 3,5%, com tolerância até 5%). Pelos dados do IBGE, o preço do combustível acumulou uma queda de 31,54% de julho a setembro, refletindo a desoneração promovida pelo governo federal.

 

Após a divulgação do número de setembro, a LCA Consultores cortou sua projeção para 2022, de 5,8% para 5,5%, enquanto o banco Credit Suisse reduziu sua estimativa de 6,3% para 5,6%. Já Alexandre Lohmann, estrategista da gestora de recursos Constância Investimentos, chegou a dizer que a dinâmica atual dos preços poderia levar o IPCA para patamar inferior ao do teto da meta.

 

“Até alguns meses atrás, isso seria uma coisa totalmente louca. Agora, passou de totalmente louca para possível se houver surpresas positivas, como mais quedas da gasolina ou um impacto forte da Black Friday”, argumentou Lohmann.

 

A chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, prevê que a inflação encerre 2022 em 5,60%, mas a taxa básica de juros, a Selic, permaneceria em 13,75% ao ano até o meio do ano que vem. “Vale lembrar que a projeção de queda da inflação não significa que os preços seguirão caindo, como vimos nos combustíveis e alguns itens em setembro. E, sim, que os preços, de maneira geral, subirão mais lentamente.”

 

A queda nos preços da gasolina, decorrente tanto do decreto de redução do ICMS quanto de cortes sucessivos nos preços das refinarias praticados pela Petrobras, foi fundamental para o resultado negativo no terceiro trimestre do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no País.

 

Embora tenha havido contribuição também das reduções no custo da energia elétrica e dos serviços de comunicação, ambos igualmente sob influência do decreto de corte de impostos, a gasolina é o item de maior peso no orçamento das famílias. O preço do combustível acumulou queda de 31,54% de julho a setembro, uma contribuição negativa de 2,13 pontos porcentuais para o IPCA do período, calculou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, se o preço da gasolina tivesse permanecido estável, o IPCA teria subido, confirmou André Almeida, analista do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

 

O IPCA acumulou uma deflação de 1,32% nos últimos três meses, a maior queda trimestral da série histórica, iniciada em janeiro de 1980. A última sequência de três deflações seguidas pelo IPCA tinha ocorrido em 1998. “A inflação está caindo em ritmo rápido, mas o que vem puxando essa desaceleração são fatores pontuais”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em nota. “O resultado (de setembro) veio em linha com as projeções do mercado e reflete ainda os efeitos da redução do ICMS sobre energia e telecomunicações, além das diminuições de preços anunciadas pela Petrobras.” O C6 Bank prevê que o IPCA termine o ano em 6%, mas a projeção deve ser reduzida. Para 2023, a estimativa do banco é de inflação de 5,7%.

 

Em setembro, a gasolina caiu 8,33%, enquanto o etanol, 12,43%. Houve recuo também nos preços de gás veicular, óleo diesel, motocicletas, automóveis novos e automóveis usados. Já as passagens aéreas tiveram alta de 8,22%.

 

Sem gasolina, IPCA sobe

 

Se retirada a gasolina da conta do IPCA, a movimentação de preços dos demais itens pesquisados teria feito o índice subir 0,15% em setembro (em vez de variar -0,29%), calculou o IBGE. O resultado de agosto teria sido de alta de 0,32% (em vez de -0,36%), e o de julho, de 0,39% (em vez de -0,68%).

 

No mês de setembro, as famílias gastaram menos com quatro dos nove grupos de bens e serviços que integram o IPCA: além de transportes (-1,98%), houve recuos em alimentação e bebidas (-0,51%), artigos de residência (-0,13%) e comunicação (-2,08%).

 

Nos alimentos, os preços do leite longa-vida recuaram 13,71%, embora ainda acumulem alta de 36,93% em 12 meses. Em setembro, houve redução também nos preços do óleo de soja (-6,27%), enquanto a cebola subiu 11,22%. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Cícero Cotrim)