Região do Grande ABC é responsável por 56% dos veículos exportados em Santos

Diário do Grande ABC

 

As montadoras do Grande ABC foram responsáveis por 56% dos veículos que deixaram o Brasil em direção a outros países pelo porto de Santos. Entre julho de 2021 e julho de 2022, foram exportadas 239.089 unidades. Deste total, 133.015 foram produzidas pelas montadoras localizadas na região.

 

Antes de serem embarcados nos grandes navios cargueiros, os carros, caminhões, chassis de ônibus e máquinas agrícolas passaram pelo TEV (Terminal de Veículos) da empresa Santos Brasil, que é responsável por 50% dos veículos exportados no País e mais de 90% dos que deixam o porto santista.

 

“Este é o único terminal do Brasil concebido e pensado para a movimentação de veículos. Ele surgiu em 2006, por conta de um projeto grande da Volkswagen (que tem unidade em São Bernardo), que era o Fox, o carro mundial da Volks que foi exportado para muitos lugares no mundo”, explica Vitor Lousada, gerente do TEV.

 

No pátio cabem 10 mil veículos e, por ano, podem ser movimentados entre 300 mil e 310 mil unidades, seja para exportação, importação ou que são descarregadas e ficam à espera de outros navios para chegarem ao seu destino final.

 

Toda a operação passa por rigoroso monitoramento, desde a chegada do caminhão-cegonha no local até o veículo ser devidamente colocado no navio.

 

“Os veículos são armazenados por lote. Organizados por marca e por porto (de destino). É realizada uma vistoria para avaliar possíveis avarias de transporte, pois aqui ocorre uma troca de responsabilidades. Se recebemos a carga com avarias, temos de apontar, pois somos cobrados por isso”, afirma Lousada, lembrando que cada uma das montadoras possui critérios próprios e a inspeção dos funcionários da empresa seguem os protocolos estabelecidos pelas fábricas. “ Tudo que é apontado aqui é visto pela montadora. Se o carro chegou no porto, se tem alguma avaria, tudo é controlado. E, dependendo da avaria, a empresa libera para embarcar ou não”, completou o executivo.

 

O fluxo no pátio de veículos é ininterrupto, com navios sendo carregados praticamente todos os dias. A cada turno são 60 funcionários, que podem receber entre 120 a 140 caminhões-cegonhas por dia, o que representa entre 1.300 a 1.400 por dia. “Nossa grande movimentação é para as Américas do Sul e do Norte, principalmente para Argentina, Colômbia e Chile”, afirma Lousada.

 

Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em julho foram exportados 41,9 mil veículos. Nos primeiros seis meses do ano, foram 288 mil unidades.

 

Cada marca tem uma regra e todo cuidado é necessário

 

A movimentação de veículos no terminal da Santos Brasil é pautada pelas regras impostas pelos fabricantes. Cada marca tem uma exigência e os funcionários precisam estar atentos, pois em caso de falha, toda a operação é colocada em risco, podendo, inclusive, causar a rejeição de todo o lote encomendado pelo importador.

 

Os veículos da Fiat são armazenados com as palhetas dos limpadores distantes do para-brisa. O procedimento tem por objetivo evitar que, ao ligar o carro, involuntariamente o vidro seja riscado. Além disso, evita que pássaros venham a bicar as borrachas.

 

No caso da Volkswagen, os operadores devem colocar as chaves dos carros no bolsão da porta esquerda e jamais no console central. O motivo é que a chave pode causar arranhões. E no reservatório da porta é mais difícil de ser visto.

 

Funcionários que estão de relógios precisam colocar uma proteção, para evitar que riscos involuntários venham a ocorrer.

 

Segundo o gerente do TEV (Terminal de Veículos), Vitor Lousada, produtos que seguem para os países da Oceania precisam passar por rigoroso processo de limpeza antes de seguirem para os navios. “Nestes países não é permitida a existência de resíduos orgânicos. Uma simples folhinha ou uma mosca em uma máquina faz com que todo um lote seja devolvido”, exemplifica.

 

Durante a visita do Diário ao terminal da Santos Brasil, um navio cargueiro estava sendo carregado com aproximadamente 3.500 automóveis, que seguiriam para os países da América do Sul. (Diário do Grande ABC/Nilton Valentim)