ClimaInfo
Mercados como Europa, Estados Unidos e China vêm registrando um crescimento notável e constante do mercado de carros elétricos, o que tem impulsionado gigantes do setor em seus planos para ampliar a oferta desses modelos e baratear o produto final para seus consumidores. Toda essa movimentação, no entanto, passa ao largo do mercado brasileiro, um dos maiores do mundo. Aqui, o cenário é de ausência total – de interesse do governo, de incentivos à indústria e aos consumidores, de infraestrutura para aumentar o uso e a circulação desses veículos.
No Valor, Marli Olmos fez um panorama do debate sobre carros elétricos e hídricos no Brasil. Por ora, as empresas que mais exploram esse segmento são aquelas que vendem modelos importados, vendidos a preços muito acima da média. As montadoras nacionais começam a pincelar algum planejamento, mas seguem à espera de uma indicação mais nítida do poder público sobre a estratégia de eletrificação do transporte no país. Enquanto alguns países europeus já definiram datas para deixar de vender carros novos a combustão, o Brasil sequer começou a pensar nessa questão.
Outro ponto é o papel do etanol e de outros biocombustíveis na transição para os elétricos. Enquanto algumas empresas enxergam espaço para esse tipo de veículo mesmo em um contexto de eletrificação total, outras não querem gastar dinheiro com uma tecnologia que só possui escala no mercado brasileiro e esperam que o mercado brasileiro abrace os carros elétricos. A questão é: quando?
Essa pergunta também é pertinente pelo lado dos consumidores. A Inside EVs divulgou dados de uma pesquisa da McKinsey & Company que mostrou a grande aceitação do mercado brasileiro aos carros elétricos. Até mesmo serviços novos que estão ganhando espaço com o avanço dessa tecnologia, como o de assinatura de veículos, também estão ganhando interesse dos consumidores nacionais.
“O brasileiro tem um apetite enorme por novas tecnologias e nosso estudo identificou que, no país, existe uma intenção de adoção [dos carros elétricos] acima da média de países desenvolvidos”, assinalou Felipe Fava, da McKinsey.
Em tempo: O encarecimento da matéria-prima utilizada na fabricação de baterias elétricas está ameaçando os planos de gigantes do setor automobilístico para expandir sua produção de carros elétricos nos próximos anos. Segundo o Financial Times, a explosão da demanda por lítio não foi acompanhada por um aumento na oferta, o que resultou em um estrangulamento do mercado, com uma escalada dos preços internacionais. Essa restrição já atrapalha a produção das plantas em operação e, a depender de como a oferta mudará no curto prazo, pode prejudicar também os planos para ampliação da produção. (ClimaInfo)