O Estado de S. Paulo
No 12.º aumento consecutivo, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a Selic em 0,50 ponto porcentual. O BC deixou aberta a possibilidade de mais um reajuste na próxima reunião.
Com o objetivo de alcançar uma inflação mais próxima do centro da meta em 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem, por unanimidade, elevar a Selic em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75% ao ano, voltando ao patamar de novembro de 2016. O BC deixou ainda a porta aberta para mais um reajuste de menor magnitude na próxima reunião, nos dias 20 e 21 de setembro. Com isso, a taxa básica de juros pode chegar a 14% – isso a dez dias do primeiro turno das eleições.
Foi o 12.º aumento seguido da taxa desde março de 2021, no que já é o ciclo de aperto monetário mais longo da história do Copom, num esforço para tentar combater uma inflação alta e disseminada. A Selic subiu 11,75 pontos porcentuais desde a mínima histórica de 2% ao ano, em agosto de 2020, no auge da pandemia de covid-19.
Em comunicado, o BC afirmou que “o ambiente externo mantém-se adverso e volátil” e que há “incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do País”, diante das ofensivas do governo e do Congresso ao teto de gastos (regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação do ano anterior) em ano eleitoral.
O comitê disse ainda que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião” – ou seja, provavelmente de 0,25 ponto porcentual. “O Copom enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas”, diz o texto.
Para 2023, a meta de inflação foi fixada em 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. Na semana passada, porém, o mercado estimou que a meta será novamente superada no próximo ano, com base em projeções que já chegam a 5,33% para a inflação.
A decisão era amplamente esperada pelo mercado financeiro. Apesar de as medidas recentes tomadas pelo governo terem reduzido o peso de combustíveis e energia elétrica na inflação deste ano, com prováveis deflações em julho e agosto, as projeções para 2023 seguem em alta.
Diante da sinalização de um ajuste em setembro, a MB Associados elevou de 13,75% para 14,0% a projeção para a Selic no fim do ciclo de aperto monetário. Mas o seu economista-chefe, Sérgio Vale, diz que uma outra elevação pode ocorrer ainda em 2022. “Se chegar ao fim do ano com cenário eleitoral conturbado e sinalização fiscal fraca para o ano que vem, o BC não vai se furtar a subir os juros de novo.”
Para a economista-chefe da Galápagos Capital, Tatiana Pinheiro, a Selic deverá ser mantida nos patamares atuais até o segundo semestre de 2023, para fechar o ano em 12%. (O Estado de S. Paulo/Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues)