No segundo corte no mês, Petrobras reduz o preço da gasolina em 3,88%

O Estado de S. Paulo

 

A Petrobras anunciou ontem um corte de 3,88% no preço da gasolina, a segunda redução na gestão de Caio Paes de Andrade – que assumiu o comando da estatal no fim de junho. Com dois reajustes em menos de dez dias, o preço do insumo nas refinarias da Petrobras já acumula queda de 8,6%, o que dá alívio à inflação e ajuda a reduzir a pressão do governo sobre os executivos da empresa.

 

De acordo com a estatal, o valor médio de venda da gasolina nas refinarias vai passar de R$ 3,86 para R$ 3,71 por litro, com um corte de R$ 0,15 por litro. Foram anunciadas ainda reduções para o querosene de aviação (2,6%), para a da gasolina de aviação (5,7%) e para o asfalto (4,5%). Já o preço do diesel se manteve inalterado, apesar dos apelos do presidente Jair Bolsonaro para que a empresa reduza também o combustível

 

O novo anúncio ocorreu um dia depois de o conselho de administração da empresa ganhar mais poder para supervisionar a política de preços para os combustíveis. Apesar da medida, a Petrobras afirmou que a decisão final sobre novos reajustes permanece com a diretoria executiva.

 

Inflação

 

A redução de R$ 0,15 no preço da gasolina deve retirar 0,17 ponto porcentual do IPCA em agosto, calcula o economista da Garde Asset Luis Menon. Dessa forma, a projeção da Garde para a inflação no próximo mês mudou de um recuo de 0,04% para deflação de 0,21%. “Como hoje (ontem) é o último dia de coleta do IPCA de julho, o impacto não pega nesse mês, só começa em agosto”, diz o economista.

 

O economista avalia ainda que o corte de 3,88% no preço nas refinarias deve se traduzir em redução em torno de 2,6% no preço nas bombas.

 

Pedro Shinzato, da divisão de óleo e gás da consultoria StoneX, diz que no curto prazo, com a demanda global por gasolina em queda, as cotações do produto no exterior devem cair ainda mais, abrindo espaço para novas reduções de preços da Petrobras.

 

A partir de setembro, porém, com o início da temporada de furacões no Golfo do México, essa tendência pode ser revertida, com encarecimento da gasolina no exterior. (O Estado de S. Paulo/Denise Luna e Marianna Gualter)