Mercado ainda projeta inflação fora da meta

O Estado de S. Paulo

 

O mercado financeiro voltou a reduzir as projeções para a inflação neste ano, mas elevou a estimativa para 2023, sendo que a maioria prevê que a alta de preços nos dois anos ficará acima da meta a ser perseguida pelo Banco Central. É o que mostra nova edição do boletim Focus, divulgado ontem pelo BC.

 

Ainda sob efeito da redução dos tributos para baixar os preços de combustíveis e energia, a projeção do Focus para o IPCA de 2022 caiu pela quarta semana consecutiva, e passou de 7,54% para 7,30%. Em contrapartida, a de 2023 já sobe pela 16.ª semana seguida, avançando de 5,20% para 5,30%. Há um mês, as estimativas eram de 8,27% e 4,91%, respectivamente.

 

Os porcentuais continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta, após o descumprimento já observado em 2021. O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de 5%, enquanto para 2023 o centro da meta é de 3,25%, podendo chegar a 4,75%.

 

SELIC. Já a projeção para a Selic no fim deste ano continuou estável em 13,75%, assim como a estimativa para 2023 (10,75%). Há um mês, os porcentuais eram de 13,75% e 10,25%, nesta ordem. Na sua reunião de junho, o Comitê de Política Monetária

 

(Copom) do BC elevou a taxa básica de juros para 13,25% ao ano (variação de 0,5 ponto) e indicou um novo aumento “de igual ou menor magnitude” na reunião de agosto. Além disso, afirmou que a Selic deve ficar em patamar “significativamente” contracionista por um período maior do que projetava na época o mercado, com o objetivo de levar a inflação de 2023 para o “redor da meta”.

 

Com os dados positivos de atividade econômica e os efeitos da PEC Kamikaze, pacote bilionário de estímulo à demanda em ano eleitoral aprovado no Congresso, a previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 continuou a avançar, conforme o Focus: foi de 1,75% para 1,93%, ante 1,50% há um mês. Já a estimativa para 2023 ficou praticamente estável – cedeu de 0,50% para 0,49%, ante 0,50% de quatro semanas atrás. (O Estado de S. Paulo/Thaís Barcellos)