O Estado de S. Paulo
Apesar das paradas forçadas por falta de peças, principalmente componentes eletrônicos, a produção de veículos caiu apenas 1,1% em junho na comparação com maio, somando 203,6 mil unidades. Na comparação com o mesmo mês de 2021, quando os problemas de abastecimento começavam a se intensificar, houve crescimento de 21,5% no total de veículos montados no País.
O resultado, que engloba carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, foi divulgado na sexta-feira, 8, pela Anfavea, a associação que representa as montadoras instaladas no Brasil.
Segundo a entidade, a indústria automotiva deixou de produzir 170 mil veículos desde o início do ano por falta de peças, principalmente componentes eletrônicos. Ao longo do primeiro semestre, 20 fábricas pararam por, na média de cada uma, 18 dias. Neste momento, segundo Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, cinco fábricas estão paradas por falta de peças.
Ele não citou as marcas, porém, conforme apuração do Estadão/Broadcast, as interrupções, parciais ou completas, persistem em fábricas da Nissan, da Volkswagen, e da GM, além das linhas da Mercedes-Benz no ABC paulista, onde são produzidos caminhões e chassis de ônibus. “Continuamos em cenário desafiador”, comentou Leite.
Dada a conjuntura de lockdowns na China, com o porto de Xangai fechado por 60 dias, e aperto na oferta de semicondutores (chips), Leite avaliou, no entanto, que o setor mostrou desempenho positivo no mês passado, quando a produção ficou próxima do volume de maio, apesar do calendário com um dia útil a menos.
Segundo o presidente da Anfavea, as paralisações, embora continuem, vêm sendo mais curtas do que antes, e, com a menor irregularidade de abastecimento aguardada para o segundo semestre, a tendência é de crescimento no ritmo diário de vendas de veículos.
O primeiro semestre terminou com 1,09 milhão de veículos montados desde o primeiro dia do ano, o que corresponde a uma queda de 5% frente aos seis primeiros meses de 2021.
Vendas em queda
Após a reação nos dois meses anteriores, o mercado automotivo deu sinais de acomodação em junho, quando as vendas de veículos novos caíram 4,8% na comparação com maio. Frente a igual período do ano passado, a queda foi de 2,4%, segundo os dados da Anfavea.
Entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, 178,1 mil unidades foram vendidas no mês passado. O primeiro semestre terminou, assim, com 918 mil veículos entregues, 14,5% a menos do que nos seis primeiros meses de 2021.
Junho mostrou ritmo diário de vendas parecido com o de maio, o melhor mês do ano, mas com um dia a menos de emplacamentos, o que explica a diferença negativa. Na prática, o mercado ficou estagnado de um mês para o outro. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)