O Estado de S. Paulo
A Anfavea, entidade que representa as montadoras, revisou para baixo nesta sexta-feira, 8, as previsões ao desempenho do setor no ano. A nova estimativa vem após as vendas abaixo do esperado do primeiro trimestre e as persistentes dificuldades de abastecimento das linhas de montagem das fabricantes.
Na produção, a expectativa agora é de crescimento de 4,1%, com 2,34 milhões de veículos, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, a serem montados no resultado final do ano. No início de 2022, a expectativa da Anfavea era terminar 2022 com crescimento de 9,4% sobre o total produzido em 2021.
Já a expectativa de crescimento das vendas de veículos no Brasil, que era de 8,5%, foi reduzida a apenas 1%. Se confirmado o prognóstico, o ano terminará com 2,14 milhões de veículos comercializados.
Otimismo
Por outro lado, a associação está mais otimista em relação às exportações, que, conforme as novas projeções, devem subir 22,2%, chegando a 460 mil veículos. Antes, a previsão era de alta de 3,6% dos embarques a mercados internacionais.
Antes da Anfavea, a Fenabrave, entidade que representa as concessionárias, já tinha apresentado previsões que apontam para estagnação (crescimento zero) das vendas de veículos em 2022, atualizando o prognóstico inicial que era de crescimento de 4,6%.
Desarranjos na produção global
Ao apresentar as projeções em coletiva à imprensa, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse que os novos números refletem o cenário de desarranjos na produção global, provocados pela guerra na Ucrânia e a crise logística decorrente dos lockdowns na China, além dos resultados fracos dos três primeiros meses do ano, que puxaram a média de vendas de veículos no País para baixo. Também entram na conta as condições mais restritivas no acesso ao crédito, já que, além do aumento dos juros, os bancos estão exigindo maior parcela de entrada nos financiamentos.
A expectativa daqui para frente, contudo, é de recuperação, disse o executivo, que conta com menos dificuldades de abastecimento no segundo semestre. Ele não descartou uma surpresa nos resultados, a depender do fluxo de fornecimento de peças, cujo maior gargalo está nas entregas de componentes eletrônicos, dada a escassez global de semicondutores.
“Como a crise é de busca por semicondutores, podemos ter notícia melhor e alívio de produção no próximo trimestre”, declarou Leite. “O segundo semestre vai ser bem melhor do que o segundo semestre do ano passado”, acrescentou. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)