O Estado de S. Paulo
Em relatório divulgado ontem, o Banco Central admitiu oficialmente que a meta de inflação será descumprida pelo segundo ano seguido em 2022. A probabilidade de o IPCA superar o teto da meta no ano passou de 88%, em estimativa feita em março, para 100%. Para 2023, ainda segundo o BC, o risco de superar novamente o teto pulou de 12% para 29%.
A projeção oficial para o IPCA no ano chega agora a 8,8%, bem acima do centro (3,5%) e do teto da meta (5%). Para 2023, a estimativa é de 4% de inflação, para uma meta que pode chegar a 4,75%.
Quando o teto da meta é superado, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões. Em janeiro passado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, justificou que o estouro da meta em 2021 aconteceu por causa do aumento dos preços de commodities (produtos básicos com cotação internacional, como alimentos e minério) e de energia e em função da falta de insumos. Em 2021, o IPCA somou 10,06%, o maior desde 2015. Com isso, ficou bem acima do teto, que era de 5,25%.
O relatório não considera o efeito das medidas tributárias propostas pelo governo para baixar os preços de itens essenciais, como combustíveis e energia – em votação no Congresso. No mercado, a limitação da cobrança do ICMS para esses produtos (com alíquota máxima entre 17% e 18%) tem provocado revisão de baixa forte para a inflação em 2022, mas de alta para o próximo ano.
Para tentar cumprir a meta do próximo ano, o BC elevou neste mês a Selic (a taxa básica de juros) para 13,25% ao ano, o maior patamar desde 2016. A instituição também indicou que a Selic deverá ter nova correção “de igual ou menor magnitude” na reunião do Copom marcada para agosto, e que ficará em patamar elevado por um período maior do que o previsto inicialmente. (O Estado de S. Paulo)