O Estado de S. Paulo
Com investimentos de R$ 100 milhões, a montadora alemã Audi reinaugurou ontem sua linha de montagem de carros em São José dos Pinhais (PR) no mesmo complexo em que a Volkswagen, proprietária da marca de luxo, produz o modelo T-cross.
A retomada ocorre com o utilitário-esportivo (SUV) Q3 e o hatch Q3 Sportback, mas em forma de SKD – ou seja, uma semimontagem com conjuntos que virão da fábrica do grupo na Hungria, sem incorporação de peças locais. “É um sistema eficiente, tecnológico e que faz mais sentido para produção em pequena escala para abastecer apenas o mercado local”, diz Daniel Rojas, presidente da Audi do Brasil.
A linha terá capacidade para produzir 4 mil veículos por ano, em dois turnos de trabalho. Para este ano estão previstas de 1,3 mil a 1,4 mil unidades, em um turno. A partir do próximo ano, quando a produção será ampliada, a linha deve operar com cerca de 200 funcionários. Algumas novas contratações estão previstas.
Segundo Rojas, os dois novos modelos serão montados com tecnologias inéditas no País, como a tração integral chamada de “Quattro” e a transmissão “Tiptronic” de oito velocidades, que proporcionam trocas de marchas mais ágeis e confortáveis.
Os preços dos dois modelos não serão alterados por conta da produção local e vão seguir a tabela cobrada hoje das versões importadas, de R$ 316 mil para o Q3 e de R$ 331 mil para o Q3 Sportback.
Fábrica parada
As operações da Audi ficaram paradas desde dezembro de 2020, quando as versões do Q3 e A3 fabricadas no Paraná saíram de linha. A produção local dos veículos atualizados dependeria de negociações com o governo federal para a devolução de créditos tributários que estão acumulados desde 2012.
Rojas informa que as discussões com o governo para o pagamento de créditos de IPI continuam e “estão adiantadas”.
Por enquanto, a boa notícia para a montadora é que deve ser anunciada em breve a redução do Imposto de Importação (II) para peças importadas em regime de SKD e CKD.
No caso dos CKD, que acrescenta itens produzidos no País, o imposto vai diminuir de 35% para 16% e, no SKD, para 18%. “É um primeiro passo por parte do governo em demonstrar boa vontade com o setor”, afirma Rojas.
Hoje, a Audi detém 11,5% do mercado de carros premium no Brasil, projetado este ano em cerca de 44 mil unidades. Com a montagem local, o executivo espera recuperar a fatia de 13,9% que a marca tinha em 2019, mas o volume de vendas vai depender também da disponibilidade de componentes como os semicondutores.
Elétricos e híbridos
Na visão de Rojas, a retomada de operações mostra que o Brasil segue sendo um mercado relevante para o grupo que projeta para o futuro a produção local de veículos híbridos e elétricos em sua única planta na América do Sul.
Com o investimento de R$ 100 milhões, o grupo alemão soma aportes de R$ 446 milhões desde a criação do Inovar Auto (programa de incentivo à produção nacional) que trouxe a marca de volta ao Brasil em 2015 após ter encerrado sua primeira passagem como fabricante entre 1999 e 2006.
Participaram da cerimônia de reinauguração executivos da Audi, representantes do governo federal e autoridades locais, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)