BMW e a mobilidade elétrica

O Estado de S. Paulo/Mobilidade 

 

A BMW tem levado muito a sério o projeto de eletrificação de seus automóveis. No Brasil, ela promete oferecer, até o fim do ano, cinco modelos eletrificados, investe na instalação de eletropostos, faz treinamentos com os concessionários e, na Alemanha, vai inaugurar uma fábrica de células de última geração para as futuras baterias. Para Emílio Paganoni, gerente sênior de treinamento do BMW Group Brasil, a eletromobilidade é uma realidade cada vez mais forte no universo do consumidor, que tem interesse crescente pelo assunto, embora ainda seja embalado por alguns mitos. Os automóveis são tecnológicos e caros, mas ele acredita na redução dos valores na medida em que a produção em escala crescer. Confira mais detalhes na entrevista a seguir.

 

A BMW anunciou que terá cinco modelos eletrificados à venda no Brasil em 2022. Não é uma aposta alta no segmento?

Emílio Paganoni: O projeto de eletrificação dos carros da BMW é ambicioso e vai englobar parte do nosso portfólio. Esse mercado está em desenvolvimento no País e, com ele, vem a reboque uma cultura sobre o assunto: estações de recarga, preparação das concessionárias e explicação ao usuário de como funciona esse automóvel. Há, ainda, muitos pontos a serem desmistificados, como a energia renovável, a infraestrutura necessária e a ansiedade do consumidor sobre a autonomia da bateria.

 

Ainda existe o receio de ficar no meio do caminho com o carro sem bateria?

Paganoni: Quem compra um veículo elétrico tem a preocupação se vai chegar ao destino sem susto. Ele ainda faz perguntas do tipo: “Devo usar o carro só na cidade?”, “Como faço para recarregar a bateria em uma viagem?” Por isso que todos os detalhes precisam ser esclarecidos. Não à toa, o investimento em treinamento de venda e pós-venda feito pela BMW requer tempo e paciência. Vivemos um momento de transição, semelhante ao que ocorreu durante a mudança de tração a cavalo pelo motor a combustão.

 

A BMW defende a ideia de que as montadoras têm a missão de investir em pontos de recarga?

Paganoni: Atuaremos no que for possível para avançar na estrutura de recarga. Já participamos da instalação de estações na Rodovia Presidente Dutra, em parceria com a EDP, e temos a intenção de seguir investindo até que o Brasil tenha 5 mil pontos, em postos de serviço, supermercados, lojas de conveniência nas estradas e concessionárias.

 

Quais são os destaques da BMW no caminho da eletromobilidade?

Paganoni: O BMW ix, que está chegando ao Brasil (confira a avaliação do Jornal do Carro na página que abre este caderno). Ele possui o carregador wallbox e o Flexible Fast Charger, portátil e três vezes mais rápido do que o normal. A versão xdrive 40 tem capacidade superior a 70 kwh e 50% de sua carga é recomposta em cerca de 40 minutos.todos os nossos produtos eletrificados são exemplos do que há de mais moderno no segmento.

 

É possível uma concessionária sem treinamento atender o dono de um veículo elétrico?

Paganoni: A qualificação é fundamental. Nossas concessionárias passam por treinamento desde 2014. Embora o motor de um elétrico seja mais simples, há importantes padrões de procedimento de segurança, porque estamos lidando com alta voltagem. Hoje, 100% são técnicos de alta tensão. Os executivos de vendas também fazem o curso. Estamos falando de uma nova cultura. Uma das grandes dúvidas do consumidor diz respeito à bateria: se ela tiver algum problema, é preciso trocá-la totalmente? Não, basta avaliar cada módulo do conjunto e substituir o que está com problema. Ou seja, todos os detalhes devem ser assimilados.

 

Os carros híbridos dividem opiniões, pois algumas marcas acham que são uma transição para o elétrico e outras não concordam. Qual é a visão da BMW?

Paganoni: Eles fazem parte da eletrificação da indústria automotiva. Nada menos do que 1.800 cidades no mundo assinaram o acordo por menos emissões de carbono, que tem metas rígidas, até 2035. Nessa transição, o híbrido ocupa papel importante e caminha par e passo com os modelos 100% elétricos. A BMW trabalha com várias tecnologias para atender seus clientes. A vantagem de um híbrido plug-in, como o BMW 330, é a autonomia. Ele é capaz de rodar quase 30 quilômetros por litro. Como desprezar um veículo com essa capacidade?

 

Qual é o objetivo de a BMW produzir células na Alemanha?

Paganoni: Quanto mais as células evoluírem, melhor para os carros e para sua posterior utilização. Logo chegará o momento em que os usuários usarão a bateria em sua segunda vida, antes da reciclagem. A BMW firmou parceria com a Tupi para reciclagem dos componentes, na qual é possível recuperar quase 100% do material. Ele é tratado adequadamente e enviado, de novo, à linha de produção. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Mário Sérgio Venditti)