Preço do diesel trava recuperação de empresas de ônibus no Brasil

Estradão

 

O preço do diesel, bem como o de insumos, não para de subir. Com isso, a empresa goiana de ônibus HP Transportes Coletivos não consegue fechar o balanço no azul. Segundo o diretor da HP, Edmundo Pinheiro, o impacto nos custos disparou desde o início da pandemia. De março de 2020 até maio de 2022, somente o preço do diesel subiu 90%.

 

A combinação da alta do preço do diesel com a queda da demanda de passageiros desequilibrou os contratos de concessão. De acordo com Pinheiro, a situação só não foi pior porque houve um ajuste nos subsídios tarifários. “Haveria um colapso do serviço em Goiânia e em Brasília”, diz.

 

Seja como for, o momento por que passa a HP Transportes reflete a crise das empresas de transporte público urbano do Brasil. Segundo a Associação Nacional da Empresas de Transportes Urbanos (NTU), as companhias acumularam perdas de R$ 25,7 bilhões de março de 2020 e fevereiro de 2022. Desta forma, o impacto financeiro médio para o setor foi de R$ 1,12 bilhão por mês.

 

Nesse sentido, o prejuízo também está diretamente ligado à queda do número de passageiros. Além disso, foi preciso aumentar a oferta para garantir distanciamento social.

 

Custo alto compromete qualidade do serviço

 

Presidente da NTU, Francisco Christovam disse ao Estradão que combustíveis e lubrificantes representam mais de 30% no custo da operação. E, desta forma, se a alta fosse repassada ao preço da passagem, o impacto seria enorme. Assim, em locais onde a tarifa é de R$ 4, por exemplo, o preço subiria para mais de R$ 5. “Isso sem contabilizar os preços de peças e mão de obra, que também subiram”, diz Chirstovam,

 

Presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira conta que a alta nos preços causa risco de colapso no sistema. “Já há capitais em que as operadoras não têm mais crédito para comprar combustível”, diz Barreira. O sindicato representa 17 operadoras de ônibus de Fortaleza.

 

De acordo com Barreira, a situação é tão grave que muitas vezes é preciso abastecer os ônibus em postos de combustível durante a operação. Ou seja, após receber o valor das passagens.

 

Realidade inatingível

 

Além disso, o presidente do Sindiônibus revela que algumas empresas têm de escolher diariamente quais credores vão pagar. “Por fim, há uma quantidade considerável de empresas entrando em recuperação judicial”.

 

De acordo com Barreira, recuperar a saúde financeira após tanto tempo de pandemia é quase inatingível. Segundo o representante do setor, o poder de investimento despencou. Portanto, isso pode ser sentido na precarização do serviço.

 

“Está havendo redução da oferta nos horários de menor movimento. Bem como falta de manutenção dos veículos”, diz Barreira. Ele conta também há atraso no pagamento de salários. Consequentemente, o risco de greve de funcionários é grande. Se isso ocorrer, o sistema ficará ainda mais comprometido. (Estradão/Aline Feltrin)