O Estado de S. Paulo
Em audiência realizada na manhã da última sexta-feira, 20, com representantes da Caoa Chery e do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, o Ministério Público do Trabalho (MPT) propôs à empresa melhores condições na proposta para a demissão de cerca de 485 funcionários da fábrica da montadora em Jacareí (SP), de um total de 620.
O grupo decidiu manter a fábrica fechada até meados de 2023, quando pretende retomar a produção apenas de modelos híbridos e elétricos. Atualmente, a planta fazia os modelos Tiggo 3, que foi retirado de linha, e o Arrizo 6, que passará a ser importado da China.
Ministério Público do Trabalho propôs à Caoa Cherry melhores condições na proposta para a demissão de cerca de 480 funcionários da fábrica da montadora em Jacareí (SP).
O sindicato insistia para que a empresa realizasse um programa de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) por cinco meses e mais três de estabilidade nos empregos. A Caoa não aceita a proposta pois, segundo informou ao MPT, a concessão de lay-off esbarra em um “impedimento jurídico”, e que anuir a tal proposta representaria uma “fraude ao governo”. O lay-off normalmente é adotado quando há previsão de parada de curto prazo.
A procuradora Celeste Maria Ramos Marques Medeiros, que conduziu a mediação, propôs então que a Caoa Chery pague aos trabalhadores demitidos indenização de 20 salários para quem sair no primeiro mês, com redução de um salário a cada mês até 15 salários para quem sair posteriormente.
A proposta atual da Caoa Chery é de pagamento de 7 a 15 salários extras de acordo com o tempo de casa de cada funcionário.
Prioridade nas contratações
As salvaguardas apresentadas pelo MPT incluem também manutenção dos planos de saúde, odontológicos e vale refeição por período não inferior a 18 meses, além do compromisso da empresa em priorizar a contratação dos trabalhadores desligados quando houver o início da produção dos carros eletrificados e treinamento para que eles possam atuar com as novas tecnologias.
Segundo o MPT informa em nota, a proposta será levada pelos representantes da Caoa Chery que participaram da audiência para apreciação da diretoria da empresa. Uma nova audiência está marcada para a próxima segunda-feira, 23, às 15 horas.
O presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, disse que o lay-off daria um “fôlego” aos trabalhadores até conseguirem outro emprego. “De qualquer forma, nossa luta contra o fechamento da fábrica e preservação dos empregos continuará com toda força”, afirmou.
O sindicalista informou que, em nota divulgada hoje, o prefeito de Jacareí, Izaías Santana, citou os investimentos públicos feitos em infraestrutura que beneficiaram a área onde está instalada a fábrica da Caoa Chery.
“Assim, nos alinhamos aos trabalhadores da empresa nesta luta para abertura dos canais de negociação, visando a preservação dos empregos, condição indispensável para o cumprimento do compromisso da contraprestação social pelos investimentos públicos direta ou indiretamente beneficiaram o grupo econômico e sua cadeia produtiva”, cita a nota. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)