Repórter Diário
Depois de fechar o acordo considerado um dos melhores entre as montadoras do País e que vai garantir a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de R$ 15,5 mil mais um abono de R$ 1,5 mil para os cerca de 7,5 mil trabalhadores, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, disse que a GM de São Caetano é uma das montadoras que está em melhor condição em termos de investimentos, com sua planta atualizada e capaz de assumir novas linhas de produção. O acordo entre a montadora e os trabalhadores foi firmado após assembleia realizada com os metalúrgicos no pátio da empresa na quarta-feira (04/05).
“A situação atual é confortável quanto aos investimentos. O que nos preocupa é essa falta de componentes”, disse Cidão. A falta de semicondutores, fez a Volkswagen parar parte da produção na fábrica da Anchieta, em São Bernardo e dar férias a 2,5 mil trabalhadores. “Agora a China – principal fabricante dos semicondutores – está em lockdowm então a gente não sabe o que vai acontecer, é imprevisível”, disse Cidão, preocupado com que a falta dos componentes possa afetar a GM também.
Mas fora a falta dos insumos que vêm de fora, a fábrica de São Caetano está saudável, de acordo com o acompanhamento que o presidente do sindicato faz. “Todos os investimentos já foram feitos para a produção da nova Montana e a além dela fábrica está preparada para atender outras linhas de veículos”, disse Cidão. Além disso, a montadora está prestes a ingressar também na produção de veículos elétricos. “Já tem um cenário para começar já em 2025 seguindo até parar, em 2035, a produção de veículos à combustão”, disse o sindicalista.
O acordo celebrado na quarta-feira vai injetar cerca de R$ 127 milhões na economia, calculando o PLR e o abono para os cerca de 7,5 mil trabalhadores da fábrica de São Caetano. “Esse é um acordo histórico e revela um compromisso nosso do sindicato com a geração de emprego e renda”, comemorou Cidão.
O RD pediu à GM o detalhamento dos investimentos previstos para a planta do ABC, mas até o fechamento desta reportagem não obteve resposta.
Cenário
Além da Volkswagen, onde os 2,5 mil trabalhadores ficarão em férias coletivas de 9 a 28 de maio, na Mercedes-Benz, que também fica em São Bernardo, 5 mil operários também ficaram em casa entre 18 de abril e 3 de maio, também por conta da falta de componentes eletrônicos.
Nesta última quinta-feira (05/05) a Caoa Chery anunciou o fechamento da sua fábrica de Jacareí, no interior do Estado. A empresa vai transferir a sua produção para a Anápolis (Goiás) para que a fábrica paulista seja equipada para reiniciar a produção, só que de veículos elétricos. Cerca de 600 trabalhadores, que correspondem a toda a linha de produção e metade da administração de Jacareí serão demitidos. Em nota, a companhia informou que negocia com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região para definir um pacote de indenização suplementar. “Para que as mudanças ocorram de forma efetiva, a Caoa Chery informa a parada temporária da unidade fabril de Jacareí. A suspensão das atividades tem como objetivo ajustar os processos produtivos da planta para novos modelos com tecnologias híbridas e elétricas, visando a modernização e atualização das linhas de produção”, sustentou.
A Toyota foi outra montadora de veículos que anunciou em abril deste ano o fechamento da unidade de São Bernardo que fabrica componentes de motores. A fábrica foi a primeira da montadora fora do Japão e data de 1962. Em outubro de 2019 a Ford, que tinha também uma fábrica histórica no bairro Taboão, na mesma cidade, encerrou a produção e os últimos 600 operários foram demitidos. Os casos são distintos, a montadora japonesa mantém suas atividades no país enquanto a americana decidiu encerrar a produção no país e apenas comercializar veículos que vêm de fora. (Repórter Diário/George Garcia)