Volkswagen suspende produção de fábrica em São Bernardo do Campo por falta de semicondutores

O Estado de S. Paulo

 

A falta de semicondutores levará a Volkswagen a, mais uma vez, suspender a produção na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), segundo informa a fabricante.

 

A linha de montagem ficará paralisada por 20 dias a partir da próxima segunda-feira, 9, e 2,5 mil trabalhadores dos dois turnos de trabalho entrarão em férias coletivas, acrescenta o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

 

Ao todo, a unidade emprega cerca de 4,5 mil trabalhadores na produção – de um total de 8 mil incluindo os administrativos – e parte deles continuará indo para a fábrica para montar carros que estão incompletos no pátio.

 

Fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo. No ano passado, as exportações da montadora caíram 33,7% em relação a 2017, para 103,8 mil automóveis e comerciais leves

 

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), perto de 100 mil veículos de várias marcas já deixaram de ser produzidos neste ano por falta de vários componentes, a maioria semicondutores.

 

A unidade Anchieta já tinha suspendido a produção dos modelos Nivus, Virtus, Polo e Saveiro na semana de 18 a 29 de abril. Na fábrica de São José dos Pinhais (PR), onde é feito o utilitário-esportivo T-Cross, a Volkswagen passou a operar em apenas um turno a partir da última segunda-feira, 2, onde cerca de 580 trabalhadores tiveram os contratos suspensos (lay-off) por cinco meses.

 

Política industrial

 

O diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno, afirma que a parada impacta toda a cadeia de fornecimento da montadora, sobretudo os trabalhadores terceirizados da empresa.

 

“A falta de política industrial e a falta de desenvolvimento do País tem causado a desestruturação da cadeia produtiva. Hoje faltam insumos básicos que eram produzidos no Brasil e que não são mais justamente por falta desta discussão da maior localização”, diz Roberto Nogueira da Silva, coordenador-geral da representação de trabalhadores da Volkswagen no ABC. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)