AutoIndústria
As duas principais operações da Honda no Brasil, motocicletas e automóveis, parecem pertencer a empresas diferentes e não a um mesmo conglomerado. Enquanto a marca lidera as vendas de motos no País com mais de 80% há quase cinco décadas, em carros seu papel tem sido cada vez mais tímido, até despretensioso diante dos principais concorrentes.
Em 2021, a participação da Honda no mercado interno foi de 4,1% e confirmou a curva descendente iniciada cinco antes, já sobre uma base de comparação distante das montadoras de ponta. Em 2016, a empresa deteve fatia de 6,2%, caiu para 6% no ano seguinte, 5,3% em 2018, 4,9% em 2019 e 4,3% em 2020.
No primeiro trimestre de 2022, a marca aparece só na 9ª posição entre as mais vendidas, com 13,5 mil veículos e 3,6% do mercado interno, mesma participação que detinha há exatos dez anos e quase a metade do que em 2016.
Mas há uma década, é bom enfatizar, a Honda ocupava a 6ª posição no ranking, imediatamente à frente da Toyota (3,1%) e Hyundai (3%), concorrentes que agora brigam pelo quarto posto e comemoram fatia de quase 11% no primeiro trimestre.
Esse cenário de vendas e participação decrescentes, deve imaginar a Honda, tende a mudar com o lançamento da nova geração nacional do HR-V em agosto e a chegada da 11ªgeração do Civic importada em versões híbrida e esportiva antes do fim do ano. E mais ainda a partir do ano que vem, quando um pacote de novidades ganhará as ruas.
Esta semana Atsushi Fujimoto, CEO da Honda South America, antecipou que, além de trazer outras versões e modelos importados, também como motorização híbrida, pretende produzir outro SUV no interior de São Paulo. A empresa limitou-se a dizer que será um produto inédito e derivado do novo Civic.
City sedã e hatch: únicos veículos nacionais no primeiro semestre.
Esse futuro novo portfólio objetiva ao menos reverter o decréscimo das vendas acentuado de um ano para cá. A comparação com igual período do ano passado indica recuo de 35% nos negócios, contra 25% da média do setor.
Contribuíram para isso, naturalmente, o fim da produção nacional, em dezembro, do Fit, que já vinha com desempenho comercial sofrível há tempos – apenas 7,5 mil unidades licenciadas em 2021 – e do Civic, modelo que durante anos liderou as vendas da marca, mas que, ao longo de duas décadas, pouco ameaçou o Toyota Corolla, concorrente direto e líder entre os sedãs médios.
A operação brasileira de automóveis da Honda, na verdade, tem sido marcada ultimamente pelo encolhimento. Depois de Fit e Civic, a montadora deixou de fabricar também o WR-V e o utilitário esportivo HR-V em Itirapina, SP, de onde agora sai somente o City nas configurações sedã e hatch.
Novo HR-V chega em agosto
Em janeiro, a Honda justificou a redução do portfólio: “Considerando os impactos da pandemia na indústria automotiva e a entrada em vigor das novas regras de emissões, no primeiro semestre de 2022, a Honda concentrará seus esforços na produção e venda dos recém-apresentados New City sedã e hatchback”.
Foi o que aconteceu. Os City hatch e sedã responderam por 4 mil dos quase 4,7 mil licenciamentos de veículos da marca em março – os 700 emplacamentos restantes se deveram às poucas unidades dos modelos descontinuados que ainda estavam nas concessionárias.
Ainda assim, com menos de 2 mil unidades, o sedã apareceu somente na 20ª posição no ranking de modelos mais vendidos e teve menos da metade dos licenciamentos do Chevrolet Onix. Um desempenho tão discreto quanto a própria trajetória da Honda Automóveis no Brasil. (AutoIndústria/George Guimarães)