Demanda de locadoras é de 600 mil veículos, mas montadoras devem entregar 400 mil

CNN Business Brasil/Reuters 

 

Um dos maiores clientes da indústria automotiva brasileira, as locadoras de veículos, podem ficar mais um ano sem terem suas necessidades de renovação de frota plenamente atendidas, diante das dificuldades das montadoras em entregar carros.

 

O quadro foi informado na última sexta-feira (8) pelo presidente da associação de montadoras, Anfavea, Luiz Carlos Moraes, e mantém uma perspectiva de dificuldades de produção por problemas em suprimentos de peças para além de meados do ano.

 

No ano passado, expectativas do próprio setor de locadoras davam conta de que a crise estaria com os problemas encaminhados a partir deste trimestre.

 

“Para o lado da demanda temos 600 mil veículos (para as locadoras), mas não sabemos se vamos poder entregar 600 mil por causa da limitação da produção ainda neste ano”, disse Moraes a jornalistas. “Mas pelo menos 400 e poucos mil seria razoável considerar como possível entregar para este setor neste ano”, afirmou o presidente da Anfavea.

 

Segundo Moraes, em 2020 as locadoras compraram da indústria automotiva 360 mil veículos e em 2021 as encomendas somaram 442 mil unidades, o que corresponde a cerca de 20% dos emplacamentos de veículos leves do país. Os volumes nesses anos também foram menores do que a necessidade de renovação da frota das locadoras, disse o presidente da Anfavea.

 

A produção de veículos do Brasil no primeiro trimestre foi uma das mais baixas para o período dos últimos anos, despencando 17% sobre um ano antes, para 496 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Considerando apenas os veículos leves, a queda foi de 18,5%, a 456 mil unidades.

 

Já as vendas do período caíram 23,2%, a 405,7 mil veículos, com recuo de cerca de 25% nos leves.

 

A Anfavea conta exatamente com a demanda das locadoras e de outros grandes frotistas para cumprir suas expectativas deste ano, com projeção de alta de 8,5% nos licenciamentos, para 2,3 milhões de veículos.

 

Fatores com a guerra na Ucrânia, que voltou a atingir a cadeia de suprimentos de componentes e a gerar alta de custos não estavam incluídos quando a expectativa foi divulgada no início de janeiro.

 

Nas contas da Anfavea, o primeiro trimestre deveria ter registrado produção de 525 mil veículos, mas o número final foi de 30 mil unidades a menos.

 

“É possível recuperarmos isso nos próximos trimestres (para cumprir a estimativa para o ano), mas temos risco dessa recuperação gradativa não acontecer ao longo dos próximos trimestres”, afirmou Moraes. Ele se referiu às incertezas trazidas pelo conflito europeu e pelas novas ondas de Covid-19 que estão obrigando importantes centros de componentes eletrônicos da China a promoverem lockdowns.

 

Considerando apenas março ante fevereiro, a produção de veículos do Brasil subiu 11,4% e as vendas cresceram 10,9%, mas foram apoiadas em uma fraca base de comparação com o mês mais curto. O número de veículos montados no país somou 184,8 mil unidades no mês passado e o de emplacados foi de 146,8 mil.

 

Na comparação com março do ano passado, a produção recuou 7,8% e os licenciamentos tiveram baixa de 22,5%.

 

Segundo a Anfavea, as exportações em unidades tiveram incremento de 5,8% em março na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 38,9 mil unidades. No trimestre, as vendas externas do setor avançaram 12,8%, a 108,1 mil veículos. (CNN Business Brasil/Reuters/Alberto Alerigi Jr.)