O Estado de S. Paulo
O presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, se reuniu na tarde desta quinta-feira, 7, com o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, e reiterou a decisão de fechar a fábrica do grupo no ABC paulista.
O executivo aceitou, porém, discutir alternativas para a área onde está a fábrica, instalada no município há 60 anos, e buscar um comprador que queira o espaço para manter a produção local.
Para isso, será formada uma comissão encabeçada pela Prefeitura de São Bernardo, pelo secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, Hiroyuki Minami, e o diretor da pasta, Sadao Hayashi e dois diretores da Toyota.
Em nota, Chang citou que a empresa “respeita a história de São Bernardo e quer contribuir para que a cidade encontre novos caminhos para gerar negócios e empregos”, disse Chang.
O prefeito Morando, por sua vez, disse que seu trabalho é para garantir empregos e investimentos na cidade. “Sem dúvida, o nosso esforço é para manter as indústrias e os empregos no município de São Bernardo”.
A Ford, que fechou sua fábrica no ABC no fim de 2019, tentou vender a área para outra fabricante de veículos, e contou inclusive com a ajuda do governador de São Paulo, João Doria. Após quase um ano de negociação, as instalações foram vendidas para um grupo que está construindo no local um grande centro de logística e comercial.
Passeata e greve
Na última quarta-feira, 6, o executivo se encontrou com dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a quem também afirmou que o grupo não pretende rever a decisão de transferir as operações da unidade para as outras três fábricas nas cidades paulistas de Indaiatuba e Sorocaba, onde produz automóveis, e de Porto Feliz, responsável por motores.
Hoje pela manhã, os cerca de 550 funcionários da Toyota participaram de reunião na sede do sindicato e depois saíram em passeata pelo centro de São Bernardo em protesto contra a decisão da montadora japonesa. Eles não voltaram a trabalhar desde terça-feira, quando a transferência foi anunciada.
Ontem, o sindicato entregou um aviso de greve para a empresa, que teria 48 horas para responder. O prazo termina amanhã de manhã e é possível que a paralisação seja oficialmente decretada. Pela manhã, os trabalhadores e seus familiares também farão protesto em frente à fábrica.
Mais competitividade
A direção da Toyota afirma que a transferência vai permitir maior sinergia entre suas unidades produtivas, com vistas a aumentar sua competitividade frente aos desafios do mercado brasileiro e da sustentabilidade de seus negócios no País.
A primeira fábrica da Toyota no País – e a primeira fora do Japão – foi inaugurada em 1962 e produziu o jipe Bandeirante por 40 anos. Atualmente produz componentes para as outras três unidades do grupo e para exportação.
A transferência será feita de forma gradual a partir de dezembro até novembro de 2023. Depois a Toyota pretende vender as instalações. Segundo Chang, todos os funcionários que quiserem podem ser transferidos para uma das três outras fábricas, inclusive com suporte à mudança, além de outros benefícios. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)