O Estado de S. Paulo
As vendas de motos tiveram em março alta expressiva de 76,8% em volume em relação ao mesmo mês do ano passado, chegando a 110,1 mil unidades. Com isso, criou-se uma situação pouco comum: foram vendidas mais motocicletas do que carros de passeio no Brasil no período, quando 108,2 mil unidades de veículos foram comercializadas.
A inversão ocorre em um momento de crise para os automóveis, que acaba de registrar seu pior março em 18 anos, apesar da recente desoneração tributária para esses produtos.
Com a expansão dos serviços de entrega (delivery) e a busca dos consumidores por transporte individual financeiramente mais acessível, o primeiro trimestre terminou com crescimento de 33,7% das vendas de motos.
No total, 274,8 mil unidades foram vendidas nos três primeiros meses do ano, desempenho que também reflete a recomposição de oferta do veículo após restrições da pandemia que limitaram a produção das fabricantes de motos no início do ano passado.
Carros em baixa
Enquanto o mercado de motos se acelerou, os carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus somaram 146,8 mil unidades emplacadas, 22,5% a menos do que no terceiro mês de 2021. O total de 141,6 mil veículos vendidos em março representa o resultado mais baixo para o mês desde 2004, ou seja, em 18 anos.
Os números foram divulgados na última terça-feira, 5, pela Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos (Fenabrave), associação que representa as concessionárias. Houve alguma reação em relação ao ritmo fraco do primeiro bimestre, quando as vendas mensais não passaram dos 130 mil veículos.
Numa variação que também se explica pelo calendário com mais dias de venda, março superou fevereiro em 11%. Foi o primeiro mês cheio em que o setor aproveitou a redução de 18,5% das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicadas nas vendas de automóveis.
Já as vendas de máquinas agrícolas, que incluem tratores e colheitadeiras, apresentaram crescimento de 45% em fevereiro, quando comparadas ao mesmo mês do ano passado, também de acordo com a Fenabrave.
No total, 5,2 mil unidades foram entregues a produtores rurais no segundo mês do ano, alta de 30,4% frente ao volume de janeiro. Como não se trata de emplacamentos, que podem ser atualizados diariamente, os números de máquinas agrícolas precisam ser obtidos com os fabricantes. Por isso, as estatísticas têm defasagem de um mês em relação ao balanço das vendas de carros. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)