“Não há mudança na nossa estratégia”

O Estado de S. Paulo 

 

Integrante do grupo das companhias locadoras de veículos, a Movida agradou o mercado após divulgar os resultados do quarto trimestre de 2021. A companhia registrou lucro líquido de R$ 276,7 milhões no período, com crescimento de 99,5% na comparação com igual trimestre de 2020. No acumulado do ano, o lucro líquido da empresa foi de R$ 819,4 milhões, alta de 250,8%. No dia seguinte ao balanço, os papéis da Movida fecharam em alta de quase 9%.

 

Atuando nos segmentos de locação de veículos (RAC, sigla em inglês para rent a car) e gestão e terceirização de frotas (GTF), a companhia teve aumento de 58% da frota de 2020 para 2021, com destaque exatamente para o GTF, que cresceu 104% em quantidade de veículos. Segundo Edmar Prado Lopes, diretor financeiro (CFO) da Movida, o resultado é uma das estratégias utilizadas para crescimento em segmentos ainda pouco explorados.

 

A avaliação de tendências e espaços de crescimento é o que deixa o CFO otimista, mesmo com a notícia da negociação entre as concorrentes Localiza e Unidas.

 

O que mudou entre 2020 e 2021 para a empresa alcançar alta de 250,8% no lucro líquido?

Os números são muito fortes e o mercado recebeu muito bem, mas isso é reflexo de que todo o processo de transformações pelo qual a empresa passou em dois anos por conta da pandemia e da reavaliação da estratégia. Esses movimentos fizeram com que a empresa amadurecesse e entrasse, de fato, em um novo ciclo.

 

Quais foram as transformações mais significativas?

A pandemia cristalizou novos hábitos de consumo em relação ao carro. Pessoas físicas, por exemplo, passaram a alugar carros com mais frequência por conta da flexibilidade de trabalho que não tinham antes. Além disso, as pessoas estão buscando veículos maiores, conseguimos oferecer esses modelos também. Atuamos de forma rápida e flexível em todos os momentos da pandemia. Na hora que precisamos diminuir a frota, fizemos de forma acelerada. Quando o mercado estava retomando, conseguimos crescer também. Essa agilidade e capacidade de evolução fizeram com que trouxéssemos a empresa a um novo patamar.

 

O que a fusão entre Localiza e Unidas representa para a Movida?

Desde o anúncio da transação, em setembro de 2020, temos reafirmado que não há mudança na nossa estratégia de buscar crescer mais rápido que a concorrência, ao mesmo tempo que geramos valor. O que aconteceu nesse prazo, entre o anúncio e atualmente, é que reduzimos a distância que tínhamos dos concorrentes. A transação ainda depende de alguns passos que vão ser acompanhados pelo Cade. Até lá, não vamos acelerar mais que os outros.

 

Para o investidor que olha os papéis do setor na Bolsa, por que ele deve investir na Movida?

Esse é um setor que tem três empresas atualmente, o que é bom para o investidor porque tem muita informação. A Movida é a empresa mais nova, acabamos de completar cinco anos de listagem, porém tem oportunidade maior de crescimento por ser a empresa que está com preço mais descontado. Além disso, entre os indicadores importantes no mercado, está a produção e a venda de carros para acompanhar tendências. Para 2022, continuamos com uma agenda positiva focada no crescimento e na geração de resultados. É natural que seja menor do que já crescemos, mas o acompanhamento trimestral com qualidade no balanço é essencial para ter confiança na empresa.

 

Há uma expectativa para atividade econômica baixa ou até nula neste ano. Isso é um fator de preocupação para a empresa?

Já era esperado que o ano seria de maior volatilidade por conta da eleição. O que está surpreendendo negativamente é a inflação global, especialmente ligada à pandemia e à disrupção das cadeias de suprimento. Precisamos dirigir com as duas mãos no volante e temos feito isso independentemente da velocidade. Essas influências são importantes, mas não mudam a direção de onde estamos indo.

 

Os investidores podem esperar novos negócios relevantes para a efetivação da estratégica de crescimento?

O grupo Simpar, holding controladora da Movida, mostrou disposição de internacionalização, mas isso é um passo mais longo, não acontece no curto prazo. O recado da empresa é que ficamos muito felizes com o resultado que a companhia entregou em 2021, mas estamos ainda mais otimistas olhando para frente. (O Estado de S. Paulo/Rebeca Soares)