Jornal do Carro/Automotive News Europe/Bloomberg/Reuters
Após o início dos ataques contra a Ucrânia, a Rússia está prestes a receber sanções de vários governos, em especial dos Estados Unidos e de membros da União Europeia. Com as restrições que estão por vir, as montadoras esperam por possíveis mudanças drásticas. São os casos de Renault, Volkswagen e Stellantis, que têm força no mercado russo.
Dessa forma, as consequências para a indústria são iminentes sobretudo em relação aos movimentos financeiros e ao abastecimento de peças como os semicondutores, que continuam em escassez no mundo todo.
Renault tem mercado significativo na Rússia
Nesse cenário de guerra, a montadora que mais tem presença no mercado russo é a Renault. A francesa possui uma grande fábrica próxima a Moscou, capital do país. Além disso, é a atual dona (com 75% dos papeis) da AvtoVAZ, maior fabricante de carros da Rússia, que produz os modelos da marca Lada e lidera o mercado automotivo por lá.
Atualmente, cerca de 90% das vendas da Lada acontecem no próprio território russo, o que pode se tornar uma grande preocupação. No entanto, segundo o portal Automotive News Europe, a fabricante tem um alto fornecimento e estoque de peças, o que deve aliviar a possível falta de componentes. Seja como for, toda a situação alarmou o CEO da Renault, Luca de Meo, que monitora a situação com cuidado.
Da mesma forma, o CEO da AvtoVAZ, Nicolas Maure, anunciou em comunicado que a fabricante trabalha para garantir suprimentos alternativos de chips eletrônicos no momento.
Embora a Renault tenha um grande, outras montadoras estão preocupadas com as mudanças. Volkswagen e Stellantis também se destacam nas vendas do mercado russo, bem como possuem fábricas em Kaluga – maior polo industrial de carros do país.
A VW produz lá o SUV médio Tiguan e o hatch Polo, assim como sedã compacto Skoda Rapid. No total, estima-se que a produção em 2021 tenha sido de cerca de 120 mil veículos. Já a produção de motores tem capacidade ainda maior, com 150 mil unidades anuais.
Já a Stellantis opera em uma joint venture com a Mitsubishi Motors. A fábrica, que começou a construir vans em 2017, atualmente monta modelos da Peugeot, Citroën e Opel. “Estamos monitorando a situação de perto e não temos mais comentários neste estágio”, disse uma porta-voz do conglomerado que reúne Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot, RAM, entre outras.
Indústria em alerta
A Mercedes-Benz também age com cautela após investir mais de 250 milhões de euros em uma fábrica no noroeste de Moscou, onde produz o sedã Classe E e o SUV GLE. “Estamos muito preocupados com os recentes desenvolvimentos e esperamos que uma maior escalada possa ser evitada. É claro que também consideramos as sanções aplicáveis em nossas atividades comerciais com a Rússia”, comentou um porta-voz.
Audi e BMW também montam veículos na Rússima com kits semi-knockdown. Contudo, nenhuma delas comentou o assunto. Até o momento, a BMW disse à Associated Press que ”a política estabelece as regras dentro das quais operamos como empresa e que, se as condições estruturais mudarem, a empresa irá avaliá-las e decidir, então, como lidar”.
Assim, por ora, não é possível prever quais serão os próximos passos da indústria em relação ao conflito. Mas é certo que as marcas já se preparam para sansões e os impactos da guerra no mercado de carros russo. (Jornal do Carro/Jady Peroni, com informações da Automotive News Europe, Bloomberg e Reuters)