Caoa Chery e Mercedes-Benz cortam produção por falta de semicondutores

O Estado de S. Paulo

 

A falta de componentes eletrônicos, principalmente semicondutores, levou mais duas montadoras a anunciarem medidas de redução de produção. A Mercedes-Benz dará férias coletivas a 600 funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, entre 14 e 25 de março. A Caoa Chery vai paralisar a produção em Jacareí (SP) por 45 dias e suspenderá os contratos (lay-off) de 450 trabalhadores a partir do dia 12.

 

A escassez global de semicondutores, problema deflagrado pela pandemia de covid, teve início há mais de um ano e, segundo dirigentes do setor automotivo, deve prosseguir até 2023.

 

Em nota, a Caoa Chery informa que a paralisação é para ajustar os estoques fabris de acordo com o mercado devido aos efeitos da variante Ômicron, que impactou a cadeia de suprimentos e, consequentemente, o abastecimento da planta.

 

O grupo brasileiro diz ainda que, durante esse período, a unidade passará por atualizações na linha de produção para receber novos modelos previstos para 2022.  A saída e o retorno dos trabalhadores em lay-off serão escalonados.

 

No caso da Mercedes, onde trabalham cerca de 8 mil pessoas – sendo 6 mil na produção –, a medida deve atingir profissionais das áreas de eixos, cambio e caminhões, que ficarão em casa por 12 dias. Há possibilidade de outro grupo ter coletivas no final do mês, informa o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

 

“No final de janeiro a empresa estava discutindo jornadas adicionais e contratações para atender o volume de produção, mas depois de alguns dias e com o agravamento da falta de peças já houve cortes no volume e a empresa sinalizou que haverá férias coletivas”, lamenta o coordenador do Comitê Sindical na Mercedes-Benz, Sandro Vitoriano.

 

Também em nota, a Mercedes-Benz confirma a medida e diz que “tem adotado alternativas junto à cadeia brasileira de suprimentos e ao grupo Daimler Truck mundialmente para enfrentar os desafios diários de abastecimento de peças, situação sem precedente na indústria global”.

 

Sindicato quer garantia de emprego na Caoa

 

A Caoa Chery levou a proposta do lay-off nesta quarta-feira, 24, ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. A unidade produz os modelos Tiggo 2, Tiggo 3x, Arrizo 5 e Arrizo 6 e emprega 700 pessoas.

 

Weller Gonçalves, presidente do sindicato, informa que a proposta será apresentada aos trabalhadores em assembleia amanhã (sexta-feira, 25), e acrescenta que quer a garantia de estabilidade no emprego para os operários durante e após o lay-off, assim como a manutenção de direitos trabalhistas.

 

VW retoma segundo turno

 

A falta de componentes tem afetado as montadoras em momentos diferentes. No dia 2 de março, a Volkswagen vai retomar a produção da fábrica Anchieta, em São Bernardo, em dois turnos de trabalho. Com isso, cerca de mil funcionários que estão com os contratos suspensos (lay-off) desde novembro retomarão seus postos um mês antes do previsto.

 

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cerca de 290 trabalhadores ainda ficarão em lay-off. Eles eram de um grupo de 450 operários de um terceiro turno de trabalho que foi cancelado. A empresa abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para atrair esse pessoal, mas menos de 200 aderiram até o momento. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)