Scania em fase de sobriedade em vez de entusiasmo para 2022

AutoIndústria

 

Apesar de alinhada com as projeções da Anfavea de um crescimento do mercado de veículo comerciais pesados em torno de 10% em 2022, por volta de 157 mil unidades, a Scania prefere adotar ânimo em modo de “otimismo moderado”, como definiu em material para imprensa. Isso porque a estimativa de demanda maior não elimina os diversos desafios considerados à frente.

 

“Os ruídos políticos, a pandemia, o aumento dos combustíveis, as altas na inflação e nas taxas de juros, além das dificuldades logísticas, com desabastecimento de componentes e insumos são todos pontos de atenção que estarão presentes ao longo do ano”, resumiu Fábio Souza, vice-presidente e diretor-geral das operações comerciais da Scania no Brasil, durante apresentação de balanço do desempenho da empresa do ano passado.

 

Em coro com o chefe, Silvio Munhoz, diretor de vendas, já enxerga indícios nada desejáveis à boa saúde do setor de transporte. “O mercado de seminovos, que vinha aquecido, praticamente parou. A supervalorização no preço e o financiamento mais caro inviabilizaram compras. Cabe lembrar que as vendas de usados impulsionam as de novos.”

 

Os motivos para menos entusiasmo, no entanto, não estragam totalmente a festa. No ano passado, embora admita que a produção segue em ritmo abaixo que pode produzir pela dificuldade com componentes, a Scania colheu resultados robustos no mercado de caminhões.

 

De acordo com os números da fabricante, as vendas cresceram 80,7% com 15,7 mil unidades emplacadas ante 8,9 mil registradas em 2020. O resultado promoveu aumento de 4 pontos porcentuais de participação, de 19,6% para 23,6%. No pacote da planilha, a empresa ainda conta mais de 600 caminhões negociados em três, metade deles já em operação.

 

Munhoz destaca o agronegócio como o principal responsável pela demanda, mais de 40% das entregas, mas também segmentos de carga-geral e mineração. “O agro em 2022 deve continuar como o maior comprador e a mineração repetir o excelente ano que teve em 2021, apesar do preço do minério de ferro dar sinais de baixa.”

 

Uma oportunidade capaz de reforçar o caixa que, diferentemente de outras ocasiões, ainda se mostra uma incógnita é o provável efeito de antecipação de compras provocado pela mudança na legislação ambiental do Proconve a partir de janeiro de 2023. “Era de se esperar a pré-compra e nota-se que existe vontade do transportador. Dependerá das condições da cadeia de suprimentos”, avalia Munhoz.

 

Seja como for, com ou sem pré-compra, os novos caminhões Euro 6 da marca estão em fase de homologação e, estima Munhoz, deverão estar aprovados na metade do segundo semestre, “quando então os produtos poderão ser oferecidos ao mercado”. (AutoIndústria/Décio Costa)