O Estado de S. Paulo
Neste ano em que o mercado financeiro prevê uma expansão de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) – pelos dados do boletim Focus, do BC –, a indústria deve ter uma contribuição importante para puxar esse número para baixo. Enquanto os setores de serviços e agropecuária terão efeito neutro ou de expansão sobre a atividade, a indústria – que tem um peso de 20% no PIB – sofrerá com a elevação dos juros, recuando e afetando negativamente a economia. Se confirmada essa queda, o setor registrará sete recuos em dez anos.
Nas projeções do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), o PIB do País deve avançar 0,6% em 2022, com o PIB da agropecuária crescendo 3,5% e o de serviços, 1,3%. Já o da indústria deve ter queda de 1,1%, com a indústria de transformação registrando a pior performance: recuo de 3,2%.
Já para o Itaú Unibanco, o PIB deve cair 0,5%. Agronegócio e serviços, porém, crescerão 1,3% e 0,5%, respectivamente, enquanto a indústria recuará 3%. O banco não tem estimativa apenas para o segmento de transformação.
O quadro preocupa sobretudo porque a indústria é o setor mais gera empregos formais. Cálculos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base em dados do IBGE, mostram que, na média de 2019 a 2021, 63,9% da força de trabalho da indústria tinha carteira assinada. Nos serviços, a proporção foi de 40% e na agricultura, de 16,6%.
No caso da indústria da transformação, o efeito multiplicador na economia também é mais elevado. Cada R$ 1 gerado pelo segmento leva ao acréscimo de R$ 2,14 no PIB. No setor de serviços, o efeito é de R$ 1,46; na agropecuária, de R$ 1,67, aponta o Iedi. (O Estado de S. Paulo/Luciana Dyniewicz)