O Estado de S. Paulo
Quem não quer um carro zero de tempos em tempos, com toda a facilidade do mundo, sem passar por toda a burocracia de licenciamento, emplacamento, contratação de seguro? Sem dúvida, algo muito atraente. Isso ocorre na modalidade de assinatura de carros. Esse mercado passou a interessar as locadoras de veículos e as montadoras.
A modalidade se diferencia do aluguel de curto prazo de carros usados. Na assinatura, o cliente arca com uma mensalidade de valor fixo de um veículo zero, por prazos que variam de 12 a 48 meses, mas há limitação de quilometragem mensal.
O cliente tem diversas opções de marcas, tipos, cores, franquias etc. Quanto maior o prazo, menor a franquia de quilômetros rodados e mais barata a mensalidade. Por conta do cliente somente os gastos de utilização, como combustível, estacionamento, pedágio, limpeza, multas e franquia do seguro.
Como em qualquer outro tipo de serviço, há prós e contras. Além de considerar as facilidades, quem se sentir atraído deve fazer contas para ver se compensa financeiramente no seu caso. Os cálculos financeiros devem comparar o serviço de assinatura com compra do veículo à vista e a financiada.
Na compra à vista deve-se considerar o custo de oportunidade de investimento, os gastos com IPVA, taxas, documentação, seguro. Na compra financiada, consideramos os mesmos itens, mas trocando o custo de oportunidade pelo custo financeiro. Lembrando que, na compra, financiada ou à vista, deve-se considerar o valor de revenda do carro ao final do período.
Realizei diversas simulações e comparei com aquelas que podem ser encontradas nos sites dos fornecedores. Nas simulações dos sites, os itens considerados estão corretos, mas em alguns casos os custos estão um pouco acima de mercado e as depreciações, exageradas – basta pesquisar preços de carros usados na internet. Obviamente, as simulações encontradas são sempre favoráveis à assinatura, mas com algumas correções de custos isso não se confirma. Mas, neste momento, com a subida dos juros, o custo de oportunidade e o custo de financiamento estão bem mais altos, isso acaba confirmando que a assinatura fica mais vantajosa. Em outros termos, o custo do dinheiro está tão alto, que financiar ficou muito caro. Caso a pessoa tenha dinheiro no banco, vale a pena fazer a assinatura do carro e obter a rentabilidade do dinheiro aplicado. Deve-se, também, considerar que o valor da assinatura suba. Assim, deve-se fazer a conta em cada caso, considerando valores efetivos para poder ter certeza de que está optando pela alternativa mais vantajosa.
A subida dos juros, que encarece os financiamentos, deixa a assinatura mais vantajosa. (O Estado de S. Paulo/Fabio Gallo, professor de finanças da FGV-SP)