Renault priorizará automóveis de maior valor na América Latina

AutoIndústria

 

Carros de entrada, os mais baratos, têm tido cada vez menos espaço no portfólio das grandes montadoras para os mercados sul-americanos, o brasileiro em particular. A ideia que permeia essa estratégia é que, mesmo com menores volumes, modelos mais caros e sofisticados asseguram maior lucratividade, em especial em regiões nas quais o poder aquisitivo só faz cair nos últimos anos.

 

A Renault também parece compartilhar dessa visão e está disposta a seguir os movimentos já encaminhados por outras marcas. Em sua primeira visita ao Brasil como o CEO global do grupo francês, Luca De Meo, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 11, deixou claro que a montadora terá na oferta de produtos de maior valor sua principal diretriz para a sustentação de suas operações na região.

 

É a mesma estratégia, diga-se, defendida pelo executivo para todo o mundo desde que assumiu o cargo em meados do ano passado, após período de fortes perdas globais da Renault. Em 2019, a empresa registrou prejuízo de € 141 milhões, o primeiro resultado negativo depois de uma década. Em 2020, muito como decorrência da pandemia, o resultado foi ainda pior e histórico: foram perdidos € 8 bilhões.

 

Priorizar produtos mais caros não implicará necessariamente na exclusão total dos automóveis mais acessíveis, procurou deixar claro o executivo. De qualquer maneira, trata-se de uma mudança de papel desses segmentos e um potencial risco a modelos como Kwid, Sandero e Logan, que podem não ter substitutos imediatos, pelo menos nas atuais faixas de mercados.

 

“Não teremos países de primeira e segunda divisões. Teremos plataformas globais que nos permitem estratégia homogênea em todo o mundo com conteúdo diferente para cada região”, afirmou De Meo, lembrando que hoje os carros pequenos respondem por 70% das vendas da montadora na América Latina.

 

Por conta dessa visão globalizada, o executivo admitiu que os futuros veículos produzidos no Brasil também incluirão propulsão elétrica e híbrida. Hoje a marca dispõe no mercado interno somente do importado Zoe como alternativa elétrica, mas De Meo revelou que em 2022 trará também o Kwid E-TECH Electric.

 

“O Brasil é um mercado estratégico para a Renault. Iremos avançar com a eletrificação da nossa gama, utilizando todo o nosso ativo tecnológico de dez anos de experiência em veículos elétricos, o que nos coloca na vanguarda neste segmento.”

 

A readequação da linha Renault no Brasil e região sob uma ótica mais pragmática e voltada à lucratividade implicará naturalmente em investimentos mais polpudos do que o atual plano de R$ 1,1 bilhão em curso no biênio 2021-2022. Apesar de admitir que precisará aumentar o desembolso, De Meo esquivou-se de qualquer informação mais precisa sobre valores. (AutoIndústria)