O Estado de S. Paulo
A Volkswagen informou ontem que vai investir R$ 7 bilhões na região entre 2022 e 2026. O valor é o mesmo do ciclo anterior, que se encerra neste ano. O montante inclui o lançamento de uma nova família de veículos, incluindo um carro compacto, desenvolvimento de negócios digitais e expansão de pesquisas sobre biocombustíveis, tendo como foco o uso do etanol como ponte até a chegada da eletrificação de veículos no País.
A maior parte será direcionada ao Brasil, informou Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América Latina, sem revelar a divisão de valores entre o País e a Argentina, onde o grupo tem fábricas. Segundo ele, pela primeira vez em “muitos, muitos anos”, a operação terá resultados positivos na região este ano, mesmo com os problemas com a falta de semicondutores. Atualmente, a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) opera com um turno, e 1,5 mil operários estão em lay-off por até cinco meses.
O primeiro carro da nova família, o Polo Track, será feito em Taubaté (SP). Será o modelo de entrada da marca (o mais barato) e diferente do atual Polo. Será lançado em 2023 e substituirá o Gol, um dos ícones da marca, ao lado de Fusca e Kombi, em produção há 41 anos.
O Gol custa de R$ 67,8 mil a R$ 83,4 mil. “A nova legislação exige carros cada vez mais seguros e com menor emissão de CO2”, lembrou Di Si. Um dos itens que passam a ser obrigatórios a partir de janeiro, por exemplo, é o controle de estabilidade. “Os carros compactos terão mais conteúdo, e o custo será maior”, avisou.
Empréstimos
Di Si afirmou ainda que todo o investimento virá de captações locais, parte com empréstimo de bancos privados e parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com quem a Volkswagen assinou nesta semana acordo para ações de descarbonização da frota do Brasil, apoio à inovação, desenvolvimento da cadeia produtiva, inserção internacional e aperfeiçoamento de instrumentos financeiros.
O anúncio foi feito em entrevista virtual com jornalistas. O presidente global da Volkswagen, Ralf Brandstätter, que participaria da conversa, precisou se ausentar. Em nota, disse que o grupo tem demonstrado na América Latina que pode ser lucrativo, apesar de enfrentar um mercado menor e condições desafiadoras. “Vamos continuar a investir em projetos específicos que assegurem a lucratividade sustentável da empresa.”
Sobre o centro de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis, disse que o bioetanol é “um significativo complemento regional à nossa estratégia elétrica, porque reduz as emissões de carbono em até 90% comparado à gasolina. É um excelente exemplo de pense globalmente e aja localmente”.
‘Ponte’ para os elétricos Projeto de biocombustíveis da montadora alemã deverá ser parcialmente financiado pelo BNDES. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)