O Estado de S. Paulo
O pacto global para zerar a emissão de dióxido de carbono (CO2) até 2050 é ambiciosa, impõe desafios e uma transformação sem precedentes na indústria automotiva. A descarbonização implica mudanças na economia e requer atuação conjunta dos atores envolvidos: governo, indústria e sociedade.
“A redução do carbono é um caminho sem volta”, disse o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang. “Olhando todo o ciclo de vida, da produção ao destino final, nossa indústria tem uma transformação sem precedentes.”
As declarações de Chang foram feitas durante evento produzido pelo Estadão Blue Studio e patrocinado pela Toyota com o tema “Neutralidade de carbono: metas e desafios da nova era da mobilidade”. Também estiveram presentes no primeiro painel o presidente da Bosch na América Latina, Besaliel Botelho, e o diretor-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi.
Os três falaram sobre os desafios da descarbonização no transporte e das necessidades de apostar em soluções “práticas e sustentáveis”. Também discutiram formas de investir no setor e de regulamentar para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Matriz energética
No setor automotivo, a meta de descarbonização vai além da eletrificação dos veículos e do fim dos motores movidos a combustível fóssil. Envolve também mudanças na matriz energética, na infraestrutura e no comportamento das pessoas.
“Não adianta resolver o problema do setor da mobilidade do transporte sem resolver o problema de uma forma ampla, que é a geração de energia. Temos de olhar para o todo, não só para aquilo que sai do escapamento do veículo”, afirma Botelho.
O presidente da Bosch na América Latina acrescentou que o impacto do transporte nas emissões de CO2 por aqui é pequeno, de 13%, enquanto a energia corresponde a 17%. O Brasil, segundo os três empresários, reúne condições para ser referência nesse desafio sustentável.
“Temos uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Incluindo, sobretudo, o etanol. Mais do que potencial, somos uma realidade”, comentou Chang.
O diretor-presidente da Unica disse que o País já tem mobilidade de baixo carbono. “Nossos veículos a etanol emitem cerca de 35 miligramas de CO2 por quilômetro, enquanto o melhor elétrico europeu emite mais de 50. O Corolla híbrido flex, segundo os nossos cálculos, gira em torno de 29 miligramas de CO2 por quilômetro rodado. Não tem nenhum carro no mundo que faça isso hoje”. (O Estado de S. Paulo)