General Motors vai retomar produção em dois turnos nas fábricas de SP e RS

O Estado de S. Paulo

 

Ânimo. Depois de sofrer com a falta de peças para fabricação de carros e perder liderança no mercado nacional, montadora americana trocou de comando; apesar da volatilidade de abastecimento, Santiago Chamorro, novo presidente, vê chance de dobrar produção atual

 

A General Motors volta a operar em dois turnos de trabalho nas duas maiores fábricas no Brasil, em Gravataí (RS) e em São Caetano do Sul (SP), na próxima segunda-feira e no dia 4 de outubro, respectivamente. A unidade gaúcha ficou fechada por cinco meses e a do ABC paulista por dois meses em razão da falta de semicondutores. Ambas retomaram atividades parciais em meados de agosto.

 

“Vamos poder dobrar a produção atual”, anunciou ontem o novo presidente da GM na América do Sul e Brasil, Santiago Chamorro, em sua primeira entrevista (online) com um grupo de jornalistas brasileiros após assumir o cargo, em 31 de agosto. “O campeão voltou”, disse, referindo -se ao Onix, carro mais vendido no País antes do fechamento da unidade de Gravataí, onde é produzido. Segundo o executivo, a intenção da marca é colocar os veículos nas revendas o mais rápido possível para atender os clientes que estão aguardando. “Há uma demanda represada”.

 

Chamorro ainda está nos EUA, preparando a volta ao País para o mês que vem. Ele já presidiu a filial brasileira de 2013 a 2016, e ocupava, na sede da matriz em Detroit, o posto de vice-presidente da divisão global de serviços conectados antes de ser escolhido para suceder a Carlos Zarlenga, que deixou a empresa.

 

O executivo afirmou que os problemas de suprimento de semicondutores e outros componentes prosseguem, mas o grupo tenta administrar a volatilidade de abastecimento. “Há um trabalho gigantesco, de forma global, para redesenhar nossa manufatura de produtos e a cadeia de logística de suprimentos”, disse. A intenção é reduzir a dependência dos fornecedores concentrados na Ásia.

 

A fábrica de São Caetano produz os modelos Tracker, Onix Joy e Spin, e seu fechamento serviu também para o grupo fazer reformas para a produção da nova picape Montana, em 2022.

 

A unidade de São José dos Campos (SP), onde são feitos a picape S10 e o SUV Trailblazer, já estava operando nessas condições, assim como as filiais de motores em Joinville (SC) e de peças em Mogi das Cruzes (SP). O grupo emprega cerca de 15 mil pessoas no País.

 

Só com a retomada parcial da produção em Gravataí e São Caetano, em meados de agosto, a GM conseguiu alcançar 12% de participação nas vendas de automóveis e comerciais leves neste mês (até terça-feira), o dobro do registrado no mês passado.

 

“A retomada da produção mais acelerada é um bom momento para ampliar nossos esforços para criar na região um negócio autossustentável”, afirmou o executivo colombiano, que volta ao Brasil com essa missão. A GM registra prejuízos na América do Sul há alguns anos, além de ter perdido a liderança do mercado brasileiro.

 

Chamorro ressaltou que o modelo de negócios do grupo vai focar também em negócios adicionais, com novos produtos para financiamento por parte do Banco GM e mais serviços de conectividade. Ele acredita que o mercado em 2022 continuará reagindo, mesmo que a escassez de chips se prolongue até o fim do primeiro semestre.

 

VW para de novo

 

Enquanto a GM volta a operar em dois turnos, a Volkswagen confirma nova parada em toda a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) de segunda-feira até o dia 6 de outubro. No mesmo período a unidade de Taubaté dispensará trabalhadores de um turno.

 

A Toyota já anunciou a parada da produção do sedã Corolla por dez dias entre 13 e 22 de outubro por falta de peças para freios na unidade de Indaiatuba (SP). O item é importado da Malásia, onde o avanço da variante delta do coronavírus levou o governo a decretar lockdown.

 

Na segunda-feira está prevista a volta dos funcionários do segundo turno da fábrica da Hyundai em Piracicaba (SP), após dez dias de dispensa. Na última terça-feira e ontem voltaram às fábricas operários dispensados da Renault no Paraná e da Honda em Itirapina (SP). (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)