Banco Central aumenta Selic pela 5ª vez seguida e prevê nova alta em outubro

O Estado de S. Paulo

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros do País em 1 ponto porcentual, de 5,25% para 6,25% ao ano, maior nível desde agosto de 2019. Foi o quinto aumento consecutivo da Selic. Em comunicado, o Copom informou que deve manter o atual ritmo de ajuste na reunião de outubro. A elevação dos juros indica um esforço do BC para levar a inflação para a meta de 3,5% em 2022.

 

Nos últimos meses, a inflação vem subindo em razão, principalmente, do aumento dos preços de energia, combustíveis e alimentos. O IPCA acumulado em 12 meses é de 9,68%. O mercado estima que a inflação termine o ano em 8,3%. O teto da meta perseguida pelo BC é de 5,25%.

 

Com a inflação rondando os dois dígitos no acumulado dos últimos 12 meses, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aprovou ontem novo aumento de 1 ponto porcentual para a Selic, que passou de 5,25% para 6,25% ao ano. Com a decisão, a taxa básica de juros está agora no seu maior patamar desde agosto de 2019 (6%).

 

Foi o quinto aumento consecutivo dos juros e o segundo em sequência na casa de 1 ponto porcentual, após três altas iniciais de 0,75 ponto. Em comunicado divulgado depois da reunião, o Copom já adiantou que deve manter o mesmo ritmo de ajuste no seu próximo encontro, marcado para 26 e 27 de outubro.

 

Nos últimos meses, a inflação medida pelo IPCA vem subindo em razão, principalmente, do aumento dos preços de energia, dos combustíveis e dos alimentos. Com isso, o IPCA acumulado em 12 meses chegou a 9,68%. O mercado estima que a inflação termine o ano em 8,3%, segundo o último Boletim Focus, bem acima do teto da meta que deve ser perseguida pelo BC – de 5,25%. Com base nesse cenário, antes da reunião de ontem diversos economistas chegaram a apostar em uma alta ainda maior da Selic, acima de 1 ponto.

 

O aumento das taxas de juros neste momento indica um esforço do governo para levar a inflação para a meta no ano que vem, que é de 3,5% (com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo). No comunicado, o Copom reforçou declaração do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que irá levar a Selic até onde for necessário para combater a inflação. “Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista.”

 

Para o economista-chefe da Guide Investimentos, João Mauricio Rosal, o comunicado do Copom mostrou uma liderança firme de Campos Neto dentro do comitê para definir a estratégia da política monetária. Ainda assim, ele destacou que “não está escrito na pedra” que o passo de 1 ponto de alta de juros seguirá indefinidamente. “Há possibilidade de o Copom rever o ritmo a partir das informações que chegarem.”

 

Já o economista-chefe do banco Original, Marcos Caruso, afirmou que o comunicado do Copom não reforça o cenário mais drástico de aumento da taxa de juros para um patamar acima de 9% ao ano. Segundo ele, o BC demonstra que precisa de mais informações para definir uma possível extensão do ciclo de alta da Selic. “Existe uma recuperação contratada (da economia) para este ano. Mas as últimas projeções passaram a ter crescimento menor (do PIB) para o ano que vem. O BC quer entender o quão consistente no tempo é essa recuperação econômica”, disse. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues, Célia Froufe, Thaís Barcellos e Barbará Nascimento)