O Estado de S. Paulo
A crise de abastecimento, sobretudo de componentes eletrônicos, segue sem dar trégua no setor automotivo, forçando paradas que dificultam a recomposição dos mais baixos estoques já registrados pela indústria de veículos. Das 21 fábricas de automóveis em operação no País,7 operam neste momento com linhas reduzidas ou têm paralisações, geralmente de dez dias, previstas para acontecer até o mês que vem.
Quase todas param por falta de componentes eletrônicos, dada a escassez global de semicondutores responsável por também paralisar montadoras fora do Brasil. A exceção é a Toyota, que vai parar a produção do Corolla por dez dias em outubro – entre 13 e 22 do mês que vem – por conta do lockdown na Malásia. Peças do sistema de freio do sedã vêm do país, onde o avanço da variante delta da covid-19 levou o governo a decretar quarentena nacional.
Na Volkswagen, os modelos Gol e Voyage completam hoje a segunda semana seguida sem produção na fábrica de Taubaté (SP), unidade que vem tendo interrupções frequentes desde junho.
Suspensão
Em outra fábrica, no ABC paulista, a Volkswagen já avisou ao sindicato dos metalúrgicos que pode suspender por dez dias a produção dos modelos Polo, Virtus, Nivus e Saveiro. Se não houver estoque mínimo de peças até lá, a fábrica deve voltar a parar a partir de 27 de setembro.
Líder em vendas neste ano, a Fiat vem desde março alternando férias a grupos de funcionários em Betim (MG). O último deles, reunindo 300 trabalhadores, entrou na quarta-feira em período de dez dias de férias. Tudo porque existe a necessidade de a montadora realizar o que considera ser um “ajuste fino” da cadeia de produção.
Também na quarta-feira, a Hyundai voltou a suspender por dez dias o segundo turno da fábrica de Piracicaba (SP), de onde saem os modelos HB20 e Creta.
Ontem, pararam a Honda em Itirapina, no interior de São Paulo, e a produção de carros de passeio da Renault no Paraná. A fábrica da Honda, que produz os modelos Fit, HR-V e WR-V, volta na quarta-feira, e a Renault, na terça-feira. Isso, claro, se houver peças.
Retorno
Na Renault, a produção de carros de modelos como Kwid, Logan e Sandero tinha voltado na semana passada, após paralisação que durou mais de um mês. No mesmo complexo industrial da marca francesa, a linha da picape Oroch está inativa há três semanas, com retorno apenas na quinta-feira da semana que vem.
Por outro lado, a fábrica da General Motors (GM) que produz o Onix em Gravataí (RS) está gradualmente retomando as atividades após cinco meses parada. Segundo informação do sindicato local, não comentada pela montadora, o carro mais popular do País deve voltar a ser fabricado em dois turnos a partir de 4 de outubro. O turno da manhã voltou a funcionar há um mês no local.
A crise dos semicondutores está impactando diretamente os resultados do setor no País em 2021. Embora haja demanda para os carros, a produção de veículos teve uma queda de 21,9% em agosto, na comparação com o mesmo período de 2020. O total de 164 mil unidades foi o pior resultado para o mês dos últimos 18 anos. No ano, o setor acumula uma alta na produção de 33% em relação a 2020, o período mais agudo do fechamento da economia. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)