Cross ameaça liderança do Corolla e “turbina” vendas da Toyota

AutoIndústria

 

A hegemonia do Corolla pode estar próxima do fim após mais de duas décadas de produção nacional! Não no segmento de sedãs médios, no qual o Toyota segue reinando absoluto com 55% das vendas e sem a mínima sombra de seu mais tradicional concorrente Honda Civic, cuja participação é menos da metade, 24%.

 

A verdadeira ameaça ao sedã vem de outro Corolla, o Cross. Segundo a Fenabrave, o novo modelo e primeiro SUV brasileiro da Toyota acumula 20,2 mil licenciamentos desde abril, quando efetivamente chegou às revendas, enquanto no mesmo período o sedã somou 18,9 mil emplacamentos.

 

A continuar neste ritmo, há, sim, a possibilidade, mesmo que pequena, de o Cross se tornar o carro mais vendido da marca no Brasil já em 2021, título esse nunca alcançado por outro produto desde que o Corolla começou a ser fabricado em Indaiatuba, SP, em 1998.

 

Se não chegar ao topo este ano, dificilmente não conseguirá em 2022, tendo em vista também a força do segmento de SUVs, que já responde por um terço das vendas totais de automóveis no mercado interno e segue em ascensão. Se nos primeiros oito meses de 2020 foram vendidos 290,4 mil utilitários esportivos, em igual período de 2021 os licenciamentos chegaram a 430 mil.

 

É um vigoroso crescimento de 48%, mesmo levando-se em conta o fraco desempenho de 2020, especialmente nos primeiros meses de pandemia. Na mesma comparação, por exemplo, os emplacamentos de sedãs médios ficaram estáveis, os de carros de passeio aumentaram 14,6% e os de automóveis mais comerciais leves, 20,7%, menos da metade dos SUVs.

 

De janeiro a agosto, o Corolla sedã, naturalmente, ainda permaneceu como o líder de vendas da Toyota, com quase 28,2 mil unidades emplacadas. Mas foi superado pelo Cross em junho, julho e agosto. No mês passado, 4,8 mil unidades do utilitário esportivo chegaram às ruas contra 4,3 mil do sedã.

 

Corolla x Corolla Cross – vendas- 2021 – em mil unidades

 

Abril – 3,4 – 1,9

Maio – 3,8 – 3,7

Junho – 3,5 – 4,7

Julho – 3,9 – 5,1

Agosto – 4,3 – 4,8

 

O recorde mensal de vendas do mais novo Toyota nacional foi registrado em julho: 5,1 mil licenciamentos, 1,2 mil a mais do que o Corolla. Naquele mês, o modelo ficou com a terceira posição na categoria de SUVs, atrás somente dos líderes Jeep Renegade e Compass. Em agosto, poucas unidades o separaram do quarto colocado Hyundai Creta.

 

No acumulado dos oito primeiros meses de 2021, o Cross já ocupa a nona posição no ranking de utilitários, que tem pelo menos outras cinco dezenas de concorrentes. Superou, com tranquilidade, Renault Duster (6,4 mil) e Caoa Chery Tiggo 5X (8,1 mil) e não será surpresa se, no encerramento de dezembro, aparecer também à frente de Nissan Kicks (25,1 mil) e Honda HR-V (25 mil), hoje, respectivamente, sétimo e oitavo colocados no acumulado do ano.

 

A Toyota pode comemorar também outro importante feito do SUV. Em princípio, ele não tem roubado vendas do Corolla de forma significativa, como inicialmente chegou-se a imaginar. Em 2021, o segmento de sedã médios tem repetido o desempenho de 2020, mas os licenciamentos do modelo da Toyota avançaram 20%, acima até da média do mercado total de automóveis de passeio.

 

Também como reflexo desse até agora feliz casamento entre os dois modelos nacionais, a Toyota tem ampliado sua participação, que, com 114,6 mil automóveis e comerciais leves vendidos de janeiro a agosto, chegou a 8,6%, 1,6 ponto porcentual acima do que em igual período de 2020.

 

Em números absolutos, a marca vendeu 42% a mais na mesma comparação: 80,5 mil contra 114,6 mil. Em agosto, terminou no terceiro posto, com mais de 17,4 mil veículos negociados e 11% de penetração.

 

Ao longo de 2021, é a quinta marca mais emplacada, sua melhor posição no mercado brasileiro, alcançada também em 2016, quando terminou com fatia de 9%,recorde em 63 anos no País. Mas, a depender da rápida aceitação do Cross e de seu desempenho comercial no último trimestre, esse índice pode ser replicado ou até superado no encerramento de dezembro. (AutoIndústria/George Guimarães)