Apesar das dificuldades, Stellantis mantém otimismo com o Brasil

AutoIndústria

 

Apesar das dificuldades com falta de semicondutores e das condições brasileiras nos campos social, político e econômico, o presidente da Stellantis para a América do Sul, Antonio Filosa mantém otimismo com relação ao País e à região: “O Brasil tem uma característica de resiliência, um povo com garra. É difícil ser otimista em algumas situações, mas temos de ser otimistas. Vamos colocar o Brasil onde ele merece”.

 

Fabricante de veículos que menos está tendo a produção afetada pela falta de semicondutores no País, a Stellantis se mantém firme na liderança do mercado, com a Fiat ocupando a primeira colocação no ranking das marcas mais vendidas no ano. Em entrevista online nesta quarta-feira, 1, Filosa abordou temas variados, não esquivando-se inclusive de falar da falta de previsibilidade vigente hoje no Brasil.

 

A empresa, contudo, manteve todos os investimentos programados e comemora o recente lançamento do Jeep Commander, que teve procura acima da prevista, e a chegada em breve do Fiat Pulse, o primeiro SUV da marca italiana no mercado brasileiro.

 

Sem abrir detalhes sobre como a empresa está contornando as dificuldades relativas à compra de componentes eletrônicos, deixou claro ser uma estratégia global do grupo ter equidade na área produtiva, tanto por regiões como por modelos, ressalvando, ainda, a importância das operações sul-americanas para o grupo, que, além da Fiat e Jeep, abrange as marcas Peugeot, Citroën e Ram.

 

“Temos uma governança local e global muito rigorosa, muito disciplinada, com reuniões constantes sobre tudo que envolve nossas operações. A Stellantis tem participação de peso na América do Sul e, por isso, é uma região estratégica que merece toda a atenção da empresa globalmente. Não há decisão unilateral e não paramos de executar planos”, destacou o executivo.

 

Como cidadão italiano, Filosa sempre diz não ter o direito de falar de política brasileira. Mas faz uma ressalva: “Somos um agente industrial e econômico e prezamos pela previsibilidade. Se a previsibilidade fosse maior, melhor seria a assertividade dos nossos planos”.

 

Ele mantém previsão de regularização do abastecimento dos semicondutores só em 2022, ressalvando que isso não ocorrerá nos primeiros meses do ano. Comentou, ainda, que apesar estar tendo menos dificuldades com os semicondutores e, consequentemente, uma perda menor de produção, também a Stellantis enfrenta problemas com e suspensão temporária de turnos em algumas linhas, o que se reflete em aumento de custos.

 

“Diante do atual quadro, estamos trabalhando com os fornecedores de nível 1 e a engenharia local busca a maior flexibilidade possível em nossas linhas para evitar paradas”, complementou Filosa, revelando que a empresa trabalha em dois turnos em Betim, MG, e três em Goiana, PE. Outras montadoras estão com apenas um turno, caso da General Motors na fábrica de Gravataí, RS, que ficou cinco meses com produção paralisada.

 

Sem revelar tempo de espera, o presidente da Stellantis admitiu que há filas para compras de vários modelos das marcas que representa, ou seja, suas vendas poderiam ser maiores não fosse a falta de produtos existente hoje no mercado interno. Mas diz que a conquista da liderança da Fiat e do grupo já no segundo semestre do ano passado é reflexo de um trabalho iniciado há 3 anos e não fruto de a produção do grupo este ano estar em nível mais elevado do que a dos concorrentes:

 

“Há 3 anos estamos montando as bases para aumentar vendas, com lançamentos de novos produtos, dentre outras ações, que estão trazendo ganhos de participação”.

 

O executivo também falou sobre nacionalização de peças e componentes, lembrando da construção da fábrica de motores turbo em Betim, um passo importante nesse processo.

 

“Tem coisas grandes e outras pequenas, não menos importantes. Estamos nacionalizando cada vez mais e manteremos essa busca por ampliar a base de fornecimento local. Tanto para se proteger da volatilidade do dólar como para reduzir a dependência das importações. Acho que hoje somos a montadora com índice de nacionalização na América do Sul”.

 

O mercado brasileiro não deve chegar aos 2,4 milhões de veículos previstos há 3 meses, mas ficará bem próximo disso, entre 2,35 milhões a 2,37 milhões, na avaliação de Filosa. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)