Vibra e Copersucar unem forças em empresa de etanol

O Estado de S. Paulo

 

Dois gigantes do setor de energia – a Vibra, ex-br Distribuidora, e a Copersucar – se juntaram para criar uma comercializadora de etanol. Ainda sem nome, a nova empresa nasce para fazer frente a um novo cenário de transição energética, concorrência acirrada e investimentos em tecnologia. A visão de especialistas é de que, ao criar a nova companhia, a Vibra se aproxima de uma das suas principais concorrentes, a Raízen, parceria entre a Shell e a produtora de álcool Cosan.

 

O etanol é considerado a solução brasileira para a transição energética. Segundo Wilson Ferreira Júnior, presidente da Vibra, “é o combustível do futuro”. A competição por esse mercado tem se tornado mais acirrada à medida que as empresas do setor de petróleo e derivados se engajam nas mudanças para uma economia de baixo carbono.

 

“O ponto é que a joint venture (empresa formada pela parceria) poderia viabilizar uma estratégia mais agressiva em renováveis, não apenas em produção de etanol”, avalia Luciano Losekann, especialista em petróleo e gás e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal Fluminense. Ele enxerga a possibilidade de Copersucar e Vibra avançarem no mercado de biogás e de etanol de segunda geração.

 

A Empresa de Comercialização de Etanol (ECE), como está sendo chamada a empresa por enquanto, terá 49,99% de participação da Copersucar e 50,01% da Vibra. Seu capital é de R$ 450 milhões, inicialmente, mas novos aportes poderão ser feitos, de acordo com Ferreira Júnior. A movimentação estimada para o primeiro ano é de 9 bilhões de litros de álcool, com faturamento anual de cerca de R$ 30 bilhões. A ideia é vender cerca de 20% da produção para o mercado externo.

 

“Este movimento é o resultado de uma mudança rápida do ambiente de competição, com a aceleração do processo de transição energética. Acredito que se trate de uma estratégia de diversificação. Movimento semelhante foi feito lá atrás entre Shell e Cosan”, avalia Edmar Almeida, pesquisador do Instituto de Energia da PUC-RIO.

 

Para o pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo e Gás (Ineep) Rodrigo Leão, com a nova empresa, a Copersucar vai se inserir na cadeia do etanol, verticalizando produção e distribuição. No caso da Vibra, a parceria significa uma tentativa de se aproximar de uma produtora importante do setor e de preservar seu mercado de comercialização. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Nunes)