Depois do robô humanoide, Tesla estuda vender tecnologia semiautônoma para outras montadoras

Auto Esporte

 

A Tesla pode não ter sido a pioneira no lançamento de carros elétricos e veículos com direção autônoma, mas parece ser uma das montadoras mais empenhadas em investir em ambos os setores. Na última semana, Elon Musk anunciou que está estudando licenciar o Full Self Driving, seu pacote de assistência à condução, para outras montadoras. Isto é, enquanto o recurso semiautônomo mais difundido da empresa, o Autopilot, é alvo de investigações por acidentes nos EUA.

 

O possível movimento da fabricante californiana foi cogitado na última quinta-feira (19), durante evento sobre inteligência artificial da montadora – Tesla AI Day. “É extremamente caro criar o sistema, então, de alguma forma, isso tem que ser pago. A menos que as pessoas queiram trabalhar de graça”, anunciou o CEO da marca. Uma vez que o Full Self Driving (FSD) fosse um produto vendido para outras empresas de mobilidade, a Tesla estaria presente não só na indústria automotiva, mas também expandiria seus negócios para o setor de tecnologia.

 

Para montadoras que estão atrás na corrida rumo à condução autônoma, a oferta do recurso da Tesla poderá ser um bom negócio. Assim, elas adquiriam o produto com um nível avançado de tecnologia e usam sua receita para uma outra finalidade.

 

O que é o Full Self Driving?

 

Nos últimos anos, o pacote de condução é vendido como um opcional por até US$ 10 mil (cerca de R$ 54 mil, na conversão direta). Recentemente, a Tesla anunciou que o FSD será oferecido por meio de assinatura mensal, cujos preços variam entre US$ 99 e US$ 199 (entre R$ 532 e R$ 1.070). Embora o sistema seja um dos chamarizes da Tesla, especialistas da área e até políticos refutam sobre sua segurança e, principalmente, sobre sua nomenclatura.

 

Na tradução livre, Full Self Driving significa condução completamente autônoma. Todavia, o pacote de conta com o nível 2 de autonomia – são cinco no total, de acordo com divisão da SAE -, em que o motorista é o controlador principal do veículo e, por alguns momentos, o carro pode assumir o controle. Mas isso não significa que o motorista deve desviar à atenção da via.

 

A tecnologia disponibiliza recursos como mudança de pista automática, estacionamento automático, leitor e controle de faróis e placas de trânsito, além do aplicativo Summon. Tal como um concierge, basta o condutor solicitar o carro pelo smartphone que ele vem ao seu encontro.

 

Polêmicas envolvendo o Autopilot

 

Enquanto o pacote Full Self Driving é vendido como um opcional, todos os Tesla acompanham o Autopilot, assistência de direção ao motorista, como item de série. O uso incorreto desta tecnologia, inclusive, foi responsável pela ocorrência de 11 acidentes nos EUA entre 2018 e 2021 e se tornou alvo de uma investigação pelo órgão de trânsito norte-americano, o National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA).

 

Como a grande maioria dos casos ocorreram à noite, a entidade apura se houve uma confusão da ferramenta ao se deparar com luzes de semáforos, faróis veiculares, sinalizações de emergências e cones de segurança. Além disso, a NHTSA investiga a tecnologia usada para “monitorar, auxiliar e reforçar o envolvimento do motorista” e verificará se a fabricante foi ineficaz ao se certificar de que os motoristas estavam atentos durante todo o trajeto.

 

Em decorrência das últimas polêmicas envolvendo o Autopilot, desde maio, os novos veículos da companhia passaram a dispor de uma câmera localizada acima do espelho retrovisor para monitorar o motorista e evitar que ele desvie sua atenção da condução.

 

Das 11 ocorrências que levaram à investigação, o número de veículos sob análise subiu para 765 mil – praticamente todos os Tesla fabricados no país desde 2014. Caso seja confirmado que os automóveis da marca são potencialmente inseguros, será necessário realizar um recall de grande volume.

 

Na última quarta-feira, dois senadores democratas enviaram ao presidente da Comissão Nacional de Comércio dos EUA, a Federal Trade Commission, uma carta pedindo que a agência investigasse o marketing e a publicidade em torno do Autopilot e do Full Self Driving.

 

Robô humanoide

 

Mesmo com o Autopilot sob investigação, Elon Musk não se pronunciou publicamente sobre a segurança da ferramenta. O CEO da empresa optou por mostrar que os recursos da Tesla são tão seguros que poderiam até equipar um robô.

 

A máquina humanoide Tesla Bot foi o ápice do evento sediado em Fremont, na Califórnia. Com 1,73 metros e 56 kg, o robô é baseado no mesmo sistema de direção semiautônoma dos carros da marca e, de acordo com Musk, consegue realizar desde tarefas simples a até mais arriscadas por meio de instruções de voz. Ele consegue caminhar a 8 km/h e carrega até 20 kg.

 

Ainda não há informações se a fabricante realmente introduzirá uma versão de produção do robô apelidado de Optimus, ou se ele é apenas uma prova da funcionalidade da tecnologia da marca. Seja como for, Elon Musk avisou que provavelmente lançará um protótipo inicial da máquina em 2022. (Auto Esporte/Emily Nery)