Dinheiro Rural/Agência Estado
Dirigentes da indústria automotiva do Brasil e da Argentina cobraram nesta segunda-feira, 16, evolução mais rápida do acordo comercial do Mercosul com a União Europeia, levando em conta o maior acesso que o setor terá às tecnologias desenvolvidas na Europa e o desejo de maior integração do bloco na economia global.
A avaliação é a de que o acordo sairá “cedo ou tarde”, forçando a região a avançar numa agenda de competitividade que precisa ser endereçada tendo ou não carros europeus como concorrentes. O tratado comercial com o bloco do Velho Continente foi assinado há dois anos e está em fase de validação. Porém, a criticada política ambiental brasileira é motivo de resistência de parlamentares europeus a ratificar o acordo.
Entidades que representam montadoras instaladas, respectivamente, no Brasil e na Argentina, a Anfavea e a Adefa mostraram hoje, em congresso virtual da Autodata, consenso a favor do acordo com os europeus. Os presidentes das duas entidades lembraram da agenda que vem sendo trabalhada em conjunto em prol da competitividade da produção regional.
Para o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, é “fundamental” ao futuro da indústria automotiva local a confirmação do acordo comercial com os europeus. Além de lembrar que o tratado prevê implementação em etapas, o que favorece o planejamento, o porta-voz da indústria de veículos do Brasil julgou que o acordo será importante para trazer ao País as tecnologias automotivas desenvolvidas na Europa.
“Temos que conversar com o governo para reforçar como é importante acelerar o processo” comentou Moraes, para quem chegou a hora de o acordo comercial ser formalizado pelos parlamentos da Europa e do Mercosul.
Na avaliação de Daniel Herrero, presidente da Adefa, o acordo com a União Europeia não torna inviável a produção de automóveis pelos maiores países da América do Sul. “Trabalhamos na agenda comum de fortalecer a competitividade regional para competir numa economia mais global. Cedo ou tarde, o acordo vai chegar e temos que estar prontos”, sustentou Herrero. Ele acrescentou que “estar pronto” significa não apenas ter condição de concorrer em preços com carros europeus, mas também evoluir em direção a uma indústria sustentável e de baixo carbono.
Do lado dos fornecedores, Raúl Amil, presidente da Afac, associação que representa a indústria de autopeças na Argentina, endossou a visão de que indústria sul-americana precisa evoluir na agenda pró-competitividade e produtividade independentemente do acordo, que, conforme concordou, será sacramentado em algum momento. “As coisas que temos que fazer para a indústria da região ser um ator global vão além do acordo”, assinalou.
Presidente do Sindipeças, entidade da indústria brasileira de componentes automotivos, Dan Ioschpe foi na mesma linha e complementou que o acordo com a União Europeia está maduro, podendo ser também referência para tratados semelhantes com outros mercados, de modo que a integração do Brasil no comércio internacional seja mais rápida.
“Não há nenhum acordo mais maduro do que o acordo com a União Europeia, e ele representa uma mudança de jogo para Brasil e Mercosul. Precisamos, do nosso lado, mostrar ao governo brasileiro a importância de concluir o acordo, e fazer a difusão desse método com outras regiões para o Brasil se inserir mais rápido no mundo”, disse Ioschpe durante o congresso da Autodata que colocou em discussão os desafios ao fortalecimento da indústria automotiva do Mercosul. (Dinheiro Rural/Agência Estado)