Venda de veículos tem pior julho desde 2005

O Estado de S. Paulo

 

Com a falta de componentes para a produção, especialmente de semicondutores, o mês passado foi o pior julho em vendas de automóveis para a indústria automobilística em 16 anos, com um total de 126,3 mil unidades, volume 7,3% inferior ao de junho e 8,4% menor que o de igual mês do ano passado.

 

Somando os segmentos de comerciais leves, caminhões e ônibus, as vendas somaram 175,4 mil unidades, queda de 3,8% ante o mês anterior e pequena melhora de 0,6% na comparação com um ano atrás. De janeiro a julho foi vendido 1,25 milhão de veículos, 27% mais que em igual período de 2020, ano prejudicado pela pandemia.

 

Os dados antecipados pelo Estadão na edição de ontem foram confirmados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A entidade credita o desempenho, em especial do segmento de automóveis, à escassez de carros nas revendas em razão das dificuldades que a indústria enfrenta para a obtenção de peças e componentes.

 

“Se a produção estivesse normalizada, principalmente para automóveis, poderíamos ter um crescimento ainda maior do que o previsto para este ano no setor”, afirma Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave. “O número de emplacamentos, até agora, mostra que o setor, no geral, mantém sua trajetória de recuperação, com um volume total próximo ao que registramos nos últimos anos, antes da pandemia”, diz ele em nota.

 

Segundo Assumpção, a dificuldade na obtenção de componentes – como os chips – segue como o principal gargalo para o segmento de automóveis e faz com que os estoques das concessionárias permaneçam em níveis “criticamente baixos”.

 

Ele ressalta que os comerciais leves, que têm menos dependência de componentes eletrônicos, mantêm recuperação, assim como o segmento de caminhões, que pode ter seu melhor ano. Há modelos com programação de entrega somente para janeiro em virtude da demanda. “A economia está, aos poucos, retornando à normalidade, com o avanço da vacinação, e há boa oferta de crédito, com um nível de aceitação de proposta de sete para cada dez enviadas aos bancos”, afirma. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)