Jornal do Carro
O duro efeito colateral da crise dos chips é cada vez mais nítido no ranking de vendas de carros novos. Neste mês de julho, Chevrolet e Volkswagen acusam o golpe e aparecem sem um único modelo entre os dez mais vendidos do mês, conforme apontam dados prévios da Fenabrave, a representante dos concessionários do País. Os números ainda são preliminares, mas, restando apenas quatro dias para o fim do mês, as marcas não têm muito tempo para reverter o cenário.
Ou seja, de líderes de vendas, Chevrolet e Volkswagen estão com poucos carros novos em estoque para vender. A culpa é da falta de semicondutores, que está provocando paralisações em fábricas de todo o País.
Com isso, as rivais do grupo Stellantis fazem a festa. A Fiat, cada vez mais líder em vendas, já coloca o Argo em primeiro lugar. Modelo que, aliás, já ocupou o topo do pódio em maio. E a Jeep segue absoluta entre os SUVs, com Renegade e Compass bombando em vendas.
SUVs marcam presença no “top 10”
Por falar em SUVs, a Toyota também aparece em destaque com o sucesso do Corolla Cross. Nesse sentido, para fechar a participação dos SUVs no “top 10”, até o Hyundai Creta está na lista. Isso evidencia a reviravolta do mercado, afinal, em tempos normais, dificilmente um modelo prestes a mudar de geração estaria tão bem posicionado no ranking de vendas. Salvo, quando o veículo em questão prática preços atrativos. O que, em síntese, não é o caso do SUV feito em Piracicaba (SP), que parte de R$ 99.790 na versão Action, com motor 1.6 e câmbio automático.
Com Chevrolet e Volkswagen fora das primeiras posições da lista dos carros mais vendidos do mercado, até mesmo as picapes médias estão com maior saída que os populares Onix e Gol. A Toyota Hilux vendeu até hoje (27) 3.636 unidades, deixando para trás o Renault Kwid (3.508) e sua arquirrival S10, que é, até então, o Chevrolet mais vendido de julho, com 3.367 emplacamentos. Abaixo, listamos os 25 automóveis e comerciais leves mais vendidos do Brasil no acumulado de julho.
Relembre o problema
Com a crise sanitária causada pelo novo coronavírus, diversas empresas foram obrigadas a parar suas produções em todo o mundo. Isso resultou na escassez de componentes eletrônicos no mercado internacional, principalmente, chips. O resultado foi o a interrupção de dezenas de linhas de produção de veículos, que sofrem com a dependência de matéria prima externa. Com o avanço tecnológico, mais chips são necessários nos veículos.
Vulnerável, a indústria brasileira não ficou de fora dessa paralisação. Nesse sentido, quem mais sofreu foi quem mais investiu em componentes eletrônicos. A General Motors, por exemplo, optou pelo avanço tecnológico na nova geração do Chevrolet Onix, que oferece uma porção de comandos eletrônicos e até internet a bordo.
Devido à alta dependência de semicondutores, o Onix foi, justamente, o veículo que mais sofreu com a crise até aqui. Fora de produção desde março, perdeu a liderança que durava seis anos.
Além dele, a falta de chips reduziu drasticamente a oferta de veículos novos nas concessionárias. A espera por determinados modelos, todavia, pode superar os seis meses. Consequentemente, os preços dispararam, com aumentos até semanais, dependendo da fabricante. O Nivus, por exemplo, tem um ano de lançamento e já está quase R$ 12 mil mais caro. Na 13ª posição do ranking, contudo, trata-se do Volkswagen mais vendido de julho até o momento.
Alta também é ocasionada por problemas do País
Essa alta de preços dos carros 0-km tem, de fato, participação da crise dos semicondutores. Mas não é só isso. Afinal, o constante reajuste tem reflexo também da alta do dólar, das commodities (como inflação, taxa Selic, entre outros fatores), bem como do imposto cobrado no Brasil. Essa questão, todavia, foi duramente criticada por Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, a representante das montadoras de veículos no País.
Para ele – que ao Jornal do Carro disse não haver indicação sobre possíveis reduções de preço dos veículos 0-km no País – a enxurrada de impostos no Brasil (como ICMS, PIS/Cofins, IPI, etc) rende uma carga tributária sobre o automóvel 0-km entre 40% e 50%. “Em qualquer país moderno no mundo, a taxa vai de 15% a 18%, no máximo”, explicou. (Jornal do Carro/Vagner Aquino)