Funcionários da Volkswagen entram em férias coletivas por 20 dias

Diário do Grande ABC

 

A falta de peças importadas, principalmente de semicondutores elétricos, segue assolando o setor automotivo. Tanto que trabalhadores do primeiro turno da Volkswagen, em São Bernardo, entraram em férias coletivas por 20 dias a partir do próximo dia 19. Há possibilidade que, ao término do período, o segundo turno também seja afetado e fique outros 20 dias em casa. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

 

A entidade representante dos trabalhadores também informou que nesta sexta-feira (9), Dia da Revolução Constitucionalista, a produção e a ferramentaria não irão funcionar. O feriado foi antecipado em março, como uma das medidas para frear a contaminação pelo novo coronavírus, portanto, seria um dia útil. O dia será trabalhado posteriormente.

 

Em junho, a fábrica chegou a ficar parada por dez dias por causa do mesmo problema. Além da unidade da região, as plantas de São Carlos e de Taubaté, no Interior, e de São José dos Pinhais, no Paraná, também ficaram com as atividades paralisadas pelo mesmo período. Na mesma época, a GM (General Motors), de São Caetano, também anunciou suspensão temporária da produção por seis semanas, iniciadas em 21 de junho.

 

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) assegura que o desabastecimento de semicondutores, materiais utilizados nos componentes eletrônicos, é o gargalo do setor neste ano. Tanto que, nesta quarta-feira (7), reavaliou as projeções para o setor em 2021. A produção total de veículos era estimada em 2,52 milhões de unidades, 25% mais do que em 2020. Contudo, o número foi reduzido a 2,46 milhões, representando acréscimo de 22% sobre o ano passado.

 

Considerando apenas os automóveis e os comerciais leves, a projeção de crescimento foi de 25% para 21%. Por outro lado, a estimativa de fabricação de caminhões e ônibus saltou de 23% para 42% de aumento em comparação ao ano anterior. Apesar da falta de componentes, os pesados foram favorecidos pelo bom desempenho do agronegócio e do e-commerce. “(A falta de semicondutores) Afeta todos os países produtores e tem impedido a plena retomada do setor automotivo”, explicou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

 

Em relação às exportações, foram revisadas de 353 mil para 389 mil unidades na expectativa do ano, uma alta de 20% sobre 2020, melhor que a elevação de 9% inicialmente projetada. “Além das variáveis socioeconômicas, agora temos também de levar em conta a situação da pandemia, o ritmo da vacinação, a instabilidade política e essa crise global dos semicondutores, sobre a qual pouco podemos antever”, afirmou Moraes. As novas projeções não consideram a possibilidade de problemas no abastecimento de energia elétrica.

 

Fabricação no ano

 

Dados divulgados ontem pela entidade mostram que primeiro semestre deste ano encerrou com a produção de 1.148.470 unidades, 57,5% maior do que no mesmo período de 2020. Considerando os primeiros seis meses de 2019, o incremento neste ano foi de 22%. Maior alta foi no segmento de caminhões (115,1%), seguido pelos automóveis (55,1%) e ônibus (15%). Em comparação a maio, junho registrou retração de 13,4% na produção, sendo -13,4% nos veículos leves, -1,9% nos ônibus e aumento de 5,3% nos caminhões.

 

Já as exportações tiveram acréscimo de 67,5% de janeiro a junho de 2021 ante mesmo período do ano passado, novamente puxado pelo segmento de caminhões (123,6%) e automóveis (66%). Considerando junho deste ano e de 2020, o crescimento foi de 72,6%. Frente maio, o sexto mês contabilizou queda de 9,4%, sendo a maior redução entre os ônibus (-11,4%) e veículos leves (-9,8%). (Diário do Grande ABC/Flavia Kurotori)